Após se tornar a terceira do setor, empresa se esforça para atingir o lucro e deixa os investimentos no crescimento para depois
Melina Costa - O Estado de S.Paulo
A Webjet deve realizar hoje a simulação de uma situação de emergência. O episódio consiste em abrir as portas e inflar dois escorregadores (uma via alternativa para os passageiros) em 15 segundos para esvaziar um avião. O objetivo é convencer a Agência Nacional de Aviação Civil de que é possível realizar o procedimento com um número menor de tripulantes, como passou a permitir a regra da agência desde 2009. Essa é a segunda tentativa da Webjet em apenas um mês - na primeira, a companhia não realizou a missão a tempo.
O problema é que, enquanto isso, os concorrentes crescem. A Azul, empresa que, em abril, registrou uma participação de mercado semelhante à da Webjet, vai receber seis novos jatos Embraer até o fim do ano e outros 12 em 2011. "Se a Webjet continuar parada, sua participação de quase 6% vai virar 3% em breve", acredita um executivo próximo.
Capitalização.
Paradoxalmente, a decisão de não investir na frota se dá exatamente no momento em que o dono da Webjet está mais capitalizado. Em janeiro deste ano, o empresário Guilherme Paulus vendeu 63% da operadora de turismo CVC para o fundo americano Carlyle. Foi por isso, segundo a empresa, que a companhia aérea interrompeu seus planos de capitalização.Até o ano passado, a Webjet agia em duas frentes: uma emissão de debêntures, que acabou não saindo, e a busca de um sócio. Segundo o Estado apurou, a empresa chegou a receber uma proposta de compra da rival Gol. Oficialmente, a Gol nega a informação e Perotti diz que "não teve conhecimento".
A companhia também teria sido procurada pelo fundo de investimentos Irelandia Aviation, liderado por Declan Ryan, membro da família fundadora da companhia aérea irlandesa Ryanair - Perotti disse que o interesse do fundo ao visitar a Webjet era "conhecer o mercado brasileiro". "Hoje, a companhia não procura um sócio e a emissão de debêntures não é mais necessária", explica Perotti.
Salto.
O ano passado foi um marco na trajetória da Webjet. Depois de ser vendida duas vezes e de passar por pelo menos quatro estratégias de negócios diferentes, a empresa finalmente alcançou a condição de companhia aérea emergente. No fim de 2009, a Webjet havia se consolidado como a terceira maior do setor, com uma participação de mercado de 4,46%, quase o dobro do ano anterior.Trata-se de um resultado modesto diante da participação de mais de 80% acumulada por TAM e Gol, mas robusto o suficiente para distanciá-la de concorrentes como a Avianca e a regional Trip. Neste ano, a fatia de mercado da Webjet chegou a 5,89% em abril.
No momento, a Webjet vive uma situação de instabilidade na sua gestão. Desde o início do ano, o presidente e três diretores deixaram a cúpula da companhia. A equipe era oriunda da TAM e foi responsável pelo processo de reestruturação que trouxe a Webjet ao atual estágio.
O comando foi, então, reduzido e organizado em três vice-presidências. A de operações é ocupada por Julio Perotti (que também é o presidente interino) e a financeira é exercida por Fábio Godinho. Ambos já faziam parte da cúpula da empresa. Um executivo deverá ser contratado para a vicepresidência comercial e de marketing. Segundo o Estado apurou, a presidência será ocupada por Gustavo Paulus, filho de Guilherme Paulus.
Para lembrar
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