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Azul investe R$ 1 bi em aviões e mira classe C

Frota vai mais que dobrar até fim de 2011. Empresa parcelará bilhetes em até 4 vezes sem juros a partir de junho

Danielle Nogueira - O Globo
De olho no crescimento do mercado de aviação brasileiro, a Azul, companhia aérea do empresário David Neeleman, vai investir cerca de R$ 1 bilhão até o fim de 2011 para ampliar sua frota.
 
Com o investimento, o número de aviões vai mais que dobrar, passando dos atuais 15 para 40.
 
Paralelamente, a empresa prepara um programa de financiamento de passagens aéreas focado na nova classe C, que merece "ser tratada com carinho", segundo Neeleman. O projeto, batizado de Crédito Azul, será lançado em junho e prevê a venda de bilhetes em até quatro vezes sem juros.

Os novos aviões — todos da Embraer — começam a chegar mês que vem. Com eles, a Azul pretende alcançar a marca de sete milhões de passageiros transportados no ano de 2011, ante os mais de quatro milhões previstos para este ano. Em 2009, seu primeiro ano de operação, foram 2,2 milhões.

Para Neeleman, mercado interno triplica em 5 anos
O plano de investimentos baseiase nas boas perspectivas para o mercado doméstico de aviação civil. Na avaliação de Neeleman, ele vai triplicar nos próximos cinco anos. Se as previsões se confirmarem, isso significa que 345 milhões de pessoas vão passar pelos aeroportos brasileiros em voos com destinos nacionais em 2014. Em 2009, foram 113 milhões, segundo a Infraero.
 
Neeleman atribui a expansão do mercado interno a dois fatores: a maior competição entre as aéreas, que barateou as passagens, e a emergente classe C.

— Outro dia, quando voava entre Salvador e Campinas, conheci duas empregadas domésticas que estavam voltando da Bahia, depois de ver a família. Uma delas tinha ficado três anos sem ir a Bahia, porque o trajeto feito em ônibus dura 37 horas e é mais caro.

Segundo o empresário, a passagem aérea da Azul entre as duas cidades sai a R$ 150, enquanto a de ônibus, R$ 229.

Apostando nesse novo nicho, a Azul lança no próximo mês o Crédito Azul. Pelo programa, o cliente poderá parcelar o pagamento das passagens em até quatro vezes sem juros, independentemente do preço. Os detalhes do projeto ainda estão sendo acertados, mas a ideia é que 50% do valor sejam pagos antes da data da viagem e o restante seja quitado até 60 dias depois. Quem não tiver cartão de crédito poderá efetuar o pagamento com boleto bancário.

— A classe C tem que ser tratada com mais carinho — diz o presidente do Conselho de Administração da Azul.

Empresário descarta levar a empresa à Bovespa
O programa será custeado com recursos da empresa que, segundo o próprio Neeleman, "tem bastante caixa". Pela mesma razão, o empresário não pensa em lançar ações da companhia na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa):

— Quando você vai à Bolsa, vai por duas razões: ou porque precisa de dinheiro ou porque seus acionistas querem ser recompensados. Nós não precisamos — afirma o empresário, que chegou a presidir o conselho da aérea americana JetBlue.

Entre os acionistas da Azul estão o grupo Bozano, do empresário Júlio Bozano, e o fundo de investimentos Gávea, do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga.

Entre janeiro e abril deste ano, a participação da Azul no mercado nacional ficou em 5,2%, mais que o dobro dos 2% registrados em igual período de 2009, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Mas Neeleman diz se importar pouco com os números:

— Que importa isso? O que importa é que nas rotas que temos serviço temos 80% do mercado.

Essa é a força da Azul — diz. — Estamos criando um novo mercado. Não tomamos espaço de ninguém.

Hoje, a companhia tem 20 rotas. Em 15 delas, não tem concorrentes. Segundo Neeleman, a estratégia de voar trechos curtos no Brasil e sem conexões será mantida. O próximo voo, que fará o trajeto Campinas-Brasília, será inaugurado em agosto.

Quanto à necessidade de aumento de capacidade dos aeroportos brasileiros para a Copa de 2014 e a possibilidade de privatizações, Neeleman se diz preocupado com o cronograma apertado das obras, mas ser contrário à administração privada.

— Não sou fã da privatização. Nos Estados Unidos, não há aeroporto algum de importância que seja privado. O dinheiro que é gerado no aeroporto tem que ficar no aeroporto — defende o empresário, que, apesar de nascido em São Paulo, morou a maior parte da vida nos EUA.

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