Pular para o conteúdo principal

A herança da Infraero

Consórcio que levar o Galeão receberá obras de R$ 198 milhões incompletas no terminal 1

Danielle Nogueira | O Globo


O consórcio que ganhar o leilão do Galeão, na próxima sexta-feira, vai assumir o aeroporto com pendências deixadas pela Infraero. As obras no terminal 1 não serão concluídas a tempo e terão de ser reavaliadas pelo novo concessionário, admitiu a estatal. Espera-se que o consórcio “finque os pés” no Galeão entre maio e junho.

Essas obras consistem na revitalização da parte elétrica, eletrônica e de telecomunicações do terminal, além da ampliação da capacidade do aeroporto. Avaliadas em R$ 198,3 milhões, elas abrangem os setores A, B e C do terminal 1. O setor A, segundo a Infraero, será entregue pronto ao concessionário.

O órgão afirma, no entanto, que o atraso nos setores B e C não afetará as operações do aeroporto durante a Copa do Mundo de 2014. As obras do terminal 1 foram iniciadas em agosto de 2012 e estão a cargo do consórcio Novo Galeão. Até setembro deste ano, apenas 35,7% da obra haviam sido executados. A previsão é que o setor A fique pronto em fevereiro.

Nos setores B e C, “a reforma será reavaliada em conjunto com o novo concessionário”, disse a Infraero. Segundo a estatal, quando as obras foram planejadas ainda não havia a decisão de privatizar o aeroporto. Não se sabe se o consórcio vencedor arcará com os custos da obra não concluída, se isso ficará ainda a cargo da Infraero, ou de ambos.

LENTIDÃO NO TERMINAL 2

Pelo cronograma do edital do leilão do Galeão, o novo concessionário assinará o contrato de concessão em março do ano que vem e começará a participar da gestão entre maio e junho. Num primeiro momento, a estatal exercerá uma gestão compartilhada. Se não houver contratempos, o concessionário assumirá integralmente em outubro de 2014.

Mesmo assim, a Infraero estará presente no dia a dia do aeroporto, já que terá 49% do desenho final do consórcio. No terminal 2, as obras também têm caminhado a passos lentos. Até setembro, apenas 43,51% delas haviam sido executadas, apesar de terem sido iniciadas em novembro de 2008. A previsão da Infraero é que sejam concluídas até abril de 2014. O valor do investimento é de R$ 156,39 milhões.

Com as reformas dos dois terminais, a capacidade do Galeão será ampliada dos atuais 17,4 milhões de passageiros por ano para 47,2 milhões de passageiros anuais em 2014, mais que o dobro da demanda prevista para o ano quem vem (20,2 milhões). A lnfraero espera concluir ainda, até o fim deste ano, as obras de recuperação das pistas e dos pátios, orçadas em R$ 85 milhões.

O novo consórcio terá de realizar obras previstas no edital, como a construção de um terceiro terminal de passageiros, uma terceira pista e mais um estacionamento, além de 26 pontes de embarque. 


O investimento total estimado para os 25 anos de concessão é de R$ 5,7 bilhões. O lance mínimo é de R$ 4,8 bilhões.

Ao todo, apresentaram propostas na última segunda-feira para o aeroporto carioca cinco consórcios, liderados por grandes construtoras e empresas de infraestrutura nacionais. Amanhã, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulga quais os grupos que estarão habilitados para participar efetivamente do leilão.

‘O FILÉ DO SETOR’

Para Paulo Resende, especialista em logística da Fundação Dom Cabral, os passageiros poderão perceber melhorias mesmo antes das obras previstas estarem concluídas, a exemplo do que ocorreu com Guarulhos (SP), onde mudanças operacionais na alfândega, na liberação de bagagens e na conservação do aeroporto melhoraram rapidamente a vida do usuário, após a privatização.

— Acredito que o Galeão é o filé do setor no Brasil, tem um potencial enorme — diz Resende.

Colaborou Henrique Gomes Batista


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul