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Embraer prevê atraso na entrega do Phenom

Companhia enfrenta problemas na linha de produção

Marli Olmos, de São José dos Campos – Valor

Problemas na linha de produção devem atrasar o plano de entrega do jato executivo Phenom para este ano. Na primeira metade de 2009, a Embraer só conseguiu entregar 19 das 110 unidades programadas para o ano. A demora vai levar a uma diminuição no valor da receita total da companhia prevista para 2009, de R$ 5,5 bilhões.

A estreia da linha Phenom, com o modelo 100, começou em 2008 com a venda para outros países. Um total de 20 aeronaves estão em operação no mundo. Em junho passado, começaram as entregas para o Brasil.

Mas o ritmo da linha de produção está mais lento do que a companhia planejava. A empresa não fornece detalhes dos problemas que estariam retardando a produção. Segundo o vice-presidente da área de aviação executiva, Luis Carlos Affonso, trata-se de uma questão circunstancial. Ele diz que a empresa já começou a acelerar a linha, mas vai, assim mesmo, avaliar o ritmo no terceiro trimestre. "Se não conseguirmos chegar a um total de 65 a 70 aeronaves até lá, poderemos perder alguns aviões este ano", diz.

Perder o avião significa faturar menos este ano, postergando para 2010 entregas que a companhia previa fazer em 2009. Affonso lembra que o Phenom 100 é o chamado "modelo de entrada", o que significa que seu valor é menor do que o de outros jatos. "Por isso, o impacto de eventual adiamento na receita total não será muito grande."

O Phenom 100 custa US$ 3,65 milhões (para certificação no Brasil). O valor varia ligeiramente quando vendido atendendo às certificações dos Estados Unidos e Europa. A empresa tem mais de 800 pedidos firmes dos jatos Phenom 100 e Phenom 300. Mais de 100 são da América Latina, 70% dos quais são do Brasil. O Phenom 100 representa dois terços das encomendas. O modelo 300 está em fase de certificação, com previsão de início de entrega no fim do ano. Isso significa que a chegada do modelo 300 na mesma linha de produção pode agravar os atuais problemas de atraso na produção.

Foi justamente na linha do Phenom que a Embraer instalou, na fábrica de São José dos Campos (SP), o seu programa de manufatura enxuta, o chamado "lean", parecido com o adotado na indústria automobilística. Diferente do modelo de produção aeronáutico clássico, mais artesanal, a Embraer pretendia operar sem estoques, o que elevaria a produtividade e competitividade. O sistema prevê até o uso de robô para a furação das asas.

No Brasil, dos três primeiros clientes que receberam o Phenom 100, dois farão uso corporativo. A Embraer vem apostando no aumento da demanda por jatos executivos para uso corporativo em todo o mundo. Segundo as projeções da companhia, o volume de entregas desses jatos aumentará a partir de 2012, com a recuperação econômica.

O crescimento da demanda vai se concentrar nos países emergentes, segundo prevê a direção da companhia. Isso abrirá espaço para os jatos executivos do chamado segmento de entrada, que são mais baratos. É nessa categoria que entra o Phenom 100.

A Embraer estima a entrega de 10,9 mil jatos executivos por toda a indústria no mundo nos próximos dez anos, o que resultaria num total de US$ 188 bilhões. Os números estão abaixo das previsões do início do ano. Em novembro, quando o mundo já vivia a crise, a empresa previa um total de 11,8 mil jatos executivos, com US$ 204 bilhões, para o mesmo período de dez anos. A Embraer pretende ter pelo menos 10% a 15% desse mercado.

A crise levou a cancelamentos e pedidos de adiamento de entregas também na aviação executiva. Mas a direção da Embraer conta com a retomada . "Passada essa fase, veremos que nos próximos dez anos as vendas serão melhores do que nos dez anos passados", afirma Affonso.

Na distribuição das vendas de 10,9 mil jatos por todos os fabricantes mundiais, a direção da Embraer prevê crescimento apenas na América Latina e Ásia/Pacífico. Já para a América do Norte e Europa, a companhia brasileira prevê retração anual de 0,3% e de 0,8%, respectivamente. Ainda assim, a região de América do Norte e Caribe continuará comprando a metade dos jatos executivos vendidos em todo o mundo.

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