AGU não teme processo
Henrique Gomes Batista e Geralda Doca | O Globo
RIO E BRASÍLIA - O leilão do Galeão deve ter uma disputa acirrada entre três dos cinco consórcios que apresentaram propostas. Fontes do mercado preveem que os favoritos são Odebrecht/Changi (que opera o aeroporto de Cingapura), CCR/Fluhafen (terminais de Munique e Zurique) e Ecorodovias/Invepar/Fraport (Frankfurt). Correndo por fora estão Queiroz Galvão/Ferrovial (aeroporto de Heathrow) e Carioca Engenharia/ADP (Paris)/Schiphol (Amsterdã).
A Odebrecht é vista como a mais agressiva. Primeiro, pelo seu histórico: no leilão de Guarulhos, em fevereiro de 2012, fez uma oferta ousada, mas não levou. Com a quarta maior oferta, defendeu limites para impedir que pequenos operadores entrem na disputa de grandes terminais. Também foi uma das que mais se mobilizou em Brasília para evitar que as empresas que venceram os leilões do ano passado pudessem liderar consórcios pelo Galeão e por Confins (BH).
No mercado, há ainda a impressão que este é o grupo que tem a preferência do governo, sobretudo de Dilma Rousseff. A CCR é vista como a “operadora natural” do Galeão, já que detém grandes ativos na cidade: as concessões da Dutra, da Ponte Rio-Niterói e do serviço de barcas. Levar o Galeão traria ganhos de escala e sinergia ao grupo.
Já a Ecorodovias nunca escondeu seu interesse pelo Galeão e sempre buscou um aliado forte. A empresa se associou à Invepar, poderosa empresa dos fundos de pensão de estatais e OAS, que já administra Guarulhos.
O ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, assegurou ontem que os leilões de Galeão e de Confins serão concorridos. Ele evitou dar detalhes sobre o número de consórcios que entregaram, na segunda-feira, propostas e documentação exigida.
— Vai ser um leilão concorrido. Haverá muita disputa — afirmou, após audiência na Comissão de Fiscalização da Câmara — A expectativa é de uma disputa boa pelos dois aeroportos — reforçou o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys. Guaranys destacou que a esiratégia do governo em manter em sigilo o número de consórcios e sua formação tem a finalidade de evitar combinação de preços entre os participantes, assegurando, assim, maior concorrência.
O procurador-geral da Advocacia-Geral da União (AGU), Marcelo de Siqueira Freitas, informou que a força-tarefa montada para garantir o leilão na sexta-feira não detectou novas ações contra o certame. Ainda não houve decisão da Justiça Federal do Rio sobre o pedido do Ministério Público, na semana passada, contra a disputa. — A Justiça do Rio tem o lime dela. Mas esse processo não preocupa.