Ação rápida dos bombeiros da Infraero e a presença de uma equipe médica no helicóptero Águia nas proximidades do acidente foram cruciais para o socorro aos sobreviventes.
Por Glauco Araújo e Ricardo Gallo | G1 SP, São Paulo
Na noite deste domingo (29), um avião que decolou de Videira (SC) caiu no aeroporto Campo de Marte, Zona Norte de São Paulo, deixando seis feridos e um morto. Por conta da explosão provocada pelo impacto da aeronave com o chão, imaginava-se que não haveriam sobreviventes.
Brigadistas fazem rescaldo após explosão de aeronave no Campo de Marte em São Paulo neste domingo (29) (Foto: Leonardo Benassatto/Reuters) |
A ação rápida dos bombeiros da Infraero, que evitou a explosão do tanque de combustível do avião, e a presença de uma equipe médica do Grupo de Resgate e Atenção à Urgência e Emergência (GRAU), que estava no helicóptero Águia da Polícia Militar nas proximidades do acidente, foram cruciais para o socorro aos sobreviventes.
O G1 conversou com Fábio Romero, chefe dos bombeiros da Infraero no Campo de Marte. Ele contou como foi a ação para conter o incêndio, resfriar a fuselagem e retirar as vítimas dos destroços.
A reportagem do G1 também falou com o médico Iuri Tamasauskas. Ele estava no helicóptero Águia da PM e foi o responsável pelo primeiro atendimento médico que as vítimas receberam e pelo envio delas para os hospitais. Tamasauskas foi quem constatou a morte do piloto Antonio Traversi.
Veja o passo a passo do resgate:
- O piloto do avião já havia relatado problema no trem de pouso e tentou pousar por três vezes. Equipe de bombeiros da Infraero ficou de sobreaviso e, por isso, chegou aos destroços cerca de 15 segundos após a queda e a explosão da aeronave.
- Cinco vítimas saíram rapidamente da aeronave. Elas estavam conscientes, andando de um lado para o outro, feridas e desorientadas, segundo o bombeiro Fábio Romero.
- Ao mesmo tempo, bombeiros jogavam espuma para conter as chamas e resfriar a aeronave, principalmente as asas, que é onde ficam os tanques de combustível do avião.
- A equipe do GRAU conseguiu liberação da torre de controle para fazer o pouso do helicóptero Águia, pois a pista estava fechada para as manobras de pouso do avião que caiu.
- O médico Iuri Tamasauskas, acompanhado de dois enfermeiros, um piloto e um co-piloto, ficam à disposição para atuar no resgate de possíveis vítimas do acidente. Naquele momento, eles não tinham a confirmação de sobreviventes.
- Minutos depois, a torre de controle acionou a equipe aeromédica, que seguiu até os destroços em uma viatura.
- Bombeiros atuavam na retirada das duas vítimas que estavam presas nas ferragens.
- Tamasauskas fez a triagem imediata das vítimas, identificou cada uma, fez coleta de sinais vitais, usou oxigênio e as imobilizou.
- Os sobrevientes foram isolados em uma área apenas para eles. Tamasauskas acionou o Cobom, pedindo reforço de Unidades de Resgate e ambulâncias do SAMU.
- As cinco vítimas seguiram para os hospitais mais próximos de Campo de Marte.
- Bombeiros tiraram a sexta vítima sobrevivente. Enquanto ele foi estabilizado, o piloto Antonio Traversi foi retirado dos destroços e a morte dele foi constatada por Tamasauskas.
- A sexta vítima foi levada no helicóptero Águia da PM, acompanhado por Tamasauskas e a equipe, até o Hospital das Clínicas.
- O avião King Air C90 PP-SZN decolou de Videira (SC) por volta de 16h20 e se acidentou pouco depois das 18h, segundo a Infraero, que administra o Campo de Marte, dedicado à aviação executiva.
- Bombeiros da Infraero e funcionários do Campo de Marte disseram que o avião havia tentado pousar, mas o piloto não tinha certeza de que o trem de pouso estava baixado.
- Piloto sobrevoou a pista para que a torre de controle confirmasse, visualmente, que o trem de pouso estava ativado.
- Depois, fez uma tentativa de pouso e arremeteu. Bombeiros informaram que o piloto testou a firmeza do trem de pouso e arremeteu.
- O acidente aconteceu na terceira tentativa de pouso.
- A aeronave estava a 108 metros em relação à pista do Campo de Marte, a uma velocidade de 274 km/h, de acordo com o site de monitoramento de voos Flightradar24.
- As circunstâncias do acidente estão sob investigação do Cenipa, órgão da Força Aérea Brasileira (FAB).
Veja quem são as vítimas:
Antonio Traversi - era o piloto da aeronave e da Videplast há pelos menos 18 anos e tinha mais de cinco mil horas de voo. Segundo os bombeiros, ele morreu no acidente;
Nereu Denardi - sócio da Videplast. Foi socorrido e levado ao Hospital do Mandaqui. Ele está internado no Hospital Albert Einstein, que não divulga detalhes sobre o estado de saúde da vítima;
Geraldo Denardi - sócio da Videplast e irmão de Nereu. Internado no Hospital Santa Isabel, passou por tomografia e, segundo a família, está consciente; assessoria do centro médico diz que ele está estável, sem previsão de alta hospitalar;
Enzo - tem 17 anos e é filho de Nereu. Internado no Hospital Santa Isabel, passou por tomografia e, segundo a família, está consciente; assessoria do centro médico diz que ele está estável, sem previsão de alta hospitalar;
Aguinaldo Nunes - coordenador da Videplast. Foi socorrido e levado para o Hospital São Camilo. Ele recebeu alta na tarde desta terça-feira, depois que o boletim médico informou, pela manhã, que ele apresentava quadro estável;
Agnaldo Crippa - gerente da Videplast. Foi socorrido no HSANP; internado na Unidade de Terapia Intensiva do hospital com estado clínico estável, mas ainda sob "vigilância criteriosa", segundo o hospital. Nesta terça-feira, ele passou por "extubação com sucesso", ainda segundo o HSANP;
Benê Souza - foi socorrido e levado para o Hospital das Clínicas; o estado de saúde dele é estável, mas ainda sem previsão de alta.