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A pequena que incomoda a concorrência

Empresa que iniciou atividades em 2005, com um avião, hoje tem mesma taxa de ocupação das grandes do setor

Geralda Doca – O Globo

BRASÍLIA. Desconhecida dos passageiros até recentemente, a companhia aérea Webjet decolou e já incomoda a concorrência.

Com uma frota razoável para quem ainda é pequena — 16 aviões — e atendendo dez cidades, a empresa alcançou o mesmo patamar de ocupação de TAM e Gol (65%), que dominam o setor. Os pacotes turísticos estão entre as principais razões para o seu desempenho, cujo dono é o grupo CVC, a maior operadora de turismo da América Latina. Em junho, a Webjet atingiu 4,2% de participação no mercado, contra 2,1% no mesmo período de 2008. A meta é chegar a pelo menos 5% até dezembro.

Na próxima segunda-feira, a Webjet inaugura quatro vôos diários a partir do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para Belo Horizonte (Confins). E aguarda, até o fim do ano, a chegada de mais duas aeronaves para reforçar a frota. As aquisições serão essenciais para combater sua maior deficiência: o índice de atraso é o maior entre as cinco principais empresas, 13,4% dos voos em junho. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a novata Azul atrasou 10,9% de seus voos e a OceanAir, 9,7%. A TAM registrou 8,8% e a Gol, 8,3%.

— Temos que olhar com mais cuidado essa empresa, e a concorrência ainda mais. A Webjet já tem uma frota grande e tem os passageiros da CVC, sua controladora, sobretudo nos fins de semana, quando a frota costuma ficar ociosa. Portanto, não precisa sair desesperadamente atrás de clientes — afirmou o especialista em Transporte Aéreo Respício do Espírito Santo Júnior, professor da UFRJ.

— Tarifas atrativas,bom serviço de bordo e maior conforto (poltronas mais largas) estão atraindo os passageiros, saturados de Gol e TAM — reforçou Paulo Sampaio, da Multiplan Consultoria Aeronáutica.

A Webjet iniciou as atividades com um único avião em 2005. Quatro meses depois, a companhia parou de voar e, em janeiro do ano seguinte, foi vendida para uma sociedade entre o grupo Jacoh Barata Filho, dono de uma frota de ônibus do Rio, e o empresário de São Paulo Wagner Abrahão, do ramo de turismo. Mas a virada, segundo fontes do setor, ocorreu em junho de 2007, quando a Webjet foi comprada pelo dono do grupo CVC, Guilherme Paulus.

Para Respício, à medida que a Webjet foi crescendo, a CVC foi migrando seus clientes para a companhia. Para transportar os turistas, a operadora aluga voos charter das companhias aéreas.

Com mais de 100 aviões e oferta maior de destinos e horários, a TAM ainda é a principal parceira para transportar os turistas da operadora. Mas isso deve mudar, avalia o professor.

Fátima Bergamasche estava viajando pela quarta vez, de Brasília para o Rio, pela companhia.

Foi atraída pelo preço e o serviço de bordo “melhor que uma barrinha de cereal”.

— O que realmente importa é tarifa e horário conveniente — afirmou Fátima.

Passageiros de primeira viagem na empresa, o casal Paulo Cesar Birbeire e Conceição estavam curiosos por conhecer os seus serviços. Também disseram terem sido atraídos pelo preço do bilhete, comprado pela filha no valor de R$ 285 cada.

Fontes do mercado dizem que, embora estejam quase empatadas em termos de participação do mercado, a Azul (4,3%), que tem seis meses de operação, cresce de forma menos sustentável que a Webjet. As duas não concorrem entre si, mas a Azul enfrenta uma disputa acirrada com as gigantes a partir de Campinas. Com uma desvantagem: seus aviões são menores, o que aumenta o custo por assento.

Frota, no entanto, ainda é de aviões velhos

Apesar disso, a previsão do mercado é que as duas alcancem participação entre 14% e 15% em dezembro, o que era impensável há um ano, disse um executivo da aviação civil. Estão abocanhando fatias de Gol e TAM, que perdem espaço.

Uma desvantagem da Webjet frente à concorrência, dizem especialistas, é que a companhia opera com uma frota de aviões antiga (o 737-300), com custo operacional elevado, pois consome mais combustível e tem manutenção cara. Para se ter uma ideia, o chamado “Cheque C”, feito a cada cinco mil horas de voo, chega a custar US$ 1 milhão nesse modelo, contra US$ 200 mil a US$ 300 mil em aeronaves modernas.

No comando da Webjet está Wagner Ferreira, ex-funcionário da TAM com mais de 30 anos de experiência. O executivo minimiza a importância dos pacotes da CVC para a expansão da empresa. Mas concorda que o turismo é essencial: a venda de passagens nas agências de viagem puxa o desempenho da aérea. Ele destaca que a empresa se reestruturou, mudou a gestão e ganhou uma nova cara (mudança de logomarca, no padrão interno e na cor das aeronaves).

— O nosso diferencial é preço e serviço. Queremos crescer sem vaidade de forma sustentável — destacou Ferreira.

A Webjet tem 1.280 funcionários e voa para dez destinos, a partir do Santos Dumont e Galeão.

Faz 14 voos diários entre Brasília e Santos Dumont. Ainda não está na ponte aérea (Rio-SP), mas já pediu licença à Anac.

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