Pular para o conteúdo principal

Com turboélice, ATR dobra vendas em quatro anos e chega a US$ 1,4 bilhão

Daniela Fernandes, para o Valor, de Paris

O construtor franco-italiano de aviões regionais ATR deu a volta por cima. Após uma forte turbulência no início dos anos 2000, devido à concorrência dos jatos, o fabricante de turboélices tornouse, segundo a companhia, o líder mundial de aeronaves desse tipo com capacidade para acomodar de 50 a 74 pessoas.

Em quatro anos, o faturamento da ATR dobrou, atingindo US$ 1,4 bilhão em 2009, montante recorde, apesar da crise mundial. A empresa anunciou ontem, no salão da aviação de Farnborough, na Inglaterra, 42 encomendas de aviões (72 incluindo opções de compra), o que já representa mais do que a totalidade das vendas firmes em 2009, de 40 aeronaves.

"Há três anos não atingíamos esse nível de encomendas na metade do ano. Começamos a ver a retomada do mercado", diz Filippo Bagnato, presidente-executivo da empresa. A ATR, com sede em Toulouse, no sul da França, é uma joint-venture em partes iguais entre a italiana Alenia Aeronautica (grupo Finmecanica) e o consórcio europeu EADS, holding controladora da Airbus.

Há dez anos, existiam cerca de uma dúzia de fabricantes de turboélices. Só restaram dois: a ATR e a rival canadense Bombardier. Os demais faliram ou deixaram de produzir esse tipo de avião. 

O céu de brigadeiro voltou a aparecer para os fabricantes a partir de 2005, com a alta dos preços do petróleo, já que os turboélices consomem, de 40% a 50%, menos combustível. Além de poluir menos, os preços dos aviões, em torno de US$ 20 milhões, também são mais atrativos do que os dos jatos, mais rápidos. Mas a diferença de tempo de voo é normalmente de apenas dez minutos no caso de distâncias de até 800 quilômetros.

Desde sua fundação, em 1981, a ATR já vendeu mais de mil aviões, usados por mais de 150 companhias aéreas em 80 países. Historicamente, os países europeus representam o maior volume da frota comercializada, mas os mercados emergentes do Sudeste Asiático e a Índia são, desde 2005, os grandes clientes da ATR.

O Brasil também pode ser incluído na lista de países que se tornaram, recentemente, um dos principais mercados do construtor, disse ao Valor o porta-voz da empresa, David Vargas. Antes mesmo de anunciar, ontem, um contrato com a companhia aérea brasileira Azul estimado em US$ 850 milhões com a venda de 40 aeronaves 72-600, de última geração, sendo 20 ofertas firmes e 20 opções de compra, o Brasil já representava cerca de um terço dos negócios da ATR na América Latina. Dos 106 aviões vendidos às aéreas da região, 31 foram adquiridos pelo Brasil.

A maior frota brasileira de aviões ATR é a da companhia Trip, com 22 unidades. Desde 2008, quando a Trip encomendou três novos ATR 72-500, o construtor, que exporta quase a totalidade de sua produção, não vendia aeronaves para companhias aéreas brasileiras. "O Brasil representa um mercado com um forte potencial devido ao aumento do tráfego regional", diz o porta-voz da empresa.

Após o recorde de 113 encomendas em 2007, os volumes diminuíram em razão da crise econômica mundial. Em 2010, a ATR espera entregar pelo menos 50 aviões, mantendo o ritmo dos últimos dois anos. Até junho, o volume de encomendas da empresa totalizava 152 aviões, o que representa mais de dois anos de produção.

A cadeia final de montagem dos aparelhos fica em Toulouse. Cada componente vem de um lugar diferente: as asas de Bordeaux, no sudoeste da França, a fuselagem de Nápoles, na Itália, e os motores são canadenses.

No salão da Inglaterra, o fabricante também anunciou vendas para companhias do Laos, da Síria, da Suécia e para uma empresa americana de leasing de aviões. A cabine do novo ATR 72-600,  modelo adquirido pela Azul e apresentado como um avião "ecológico", foi realizada pelo designer de automóveis Giugiaro, que desenhou modelos da Ferrari e da Alfa Romeo. E pensar que há apenas cinco anos os turboélices davam sinais de que desapareceriam dos ares.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul