Modelo da fabricante ATR é considerado mais econômico e atenderá cidades hoje sem voos regulares
Ana Paula Machado - Brasil Econômico
A Azul Linhas Aéreas vai entrar em novas rotas. A companhia fundada por David Neeleman vai começar a operar voos regionais entre capitais atendidas pela empresa e cidades distantes até 800 quilômetros dos grandes centros. O presidente da Azul, Pedro Janot, disse que para realizar esses trechos a companhia fez uma encomenda de 20 turboélices ATR 600, com opção de adquirir outras 20 aeronaves. O valor total do negócio, fechado ontem durante a Farnborough Air Show, em Londres, é de US$ 850 milhões. A nova série da ATR, fabricante francesa, nunca foi usada no Brasil. "Os primeiros aviões chegam no segundo semestre do próximo ano, mas ainda não podemos informar quantos equipamentos serão entregues à Azul. Esses turboélices darão à companhia condições de operar em aeroportos menores e atender cidades onde hoje não existem voos regulares", afirmou Janot.
Felippo Bagnato, CEO da ATR, disse que, com a Azul como novo cliente, a empresa poderá introduzir a nova série da fabricante no Brasil e na América Latina, uma das regiões com grande potencial de crescimento na aviação regional. "A Azul é uma companhia dinâmica, que vem crescendo rápido. Estamos satisfeitos por fazer parte da expansão e do sucesso da companhia. O consumo reduzido de combustível dos ATRs, de até 50% menor para jatos regionais, oferece uma solução de transporte com excelentes custos operacionais", declarou.
Os ATRs 600 comprados pela Azul terão configuração para 70 passageiros e são os primeiros desse modelo a voar pelos ares brasileiros. "São aeronaves com totais condições de operar rotas entre Porto Alegre e Passo Fundo, Curitiba e Criciúma ou Goiânia-Caldas Novas. Essas cidades têm uma demanda que viabiliza a inauguração de novas freqüências", disse o executivo.
Segundo Janot, a operação da Azul não irá "canibalizar" o segmento de aviação regional. Hoje, as pequenas companhias que exploram esse mercado firmam acordos de compartilhamento de voos (code share) com as empresas líderes do mercado brasileiro, como Tam Linhas Aéreas e Gol Linhas Aéreas, como alternativa para se manter eficientes.
"Nosso modelo de negócios será um pouco diferente, pois não vamos ligar cidades medianas, e sim capitais a municípios mais distantes. Nosso produto não vai concorrer com a Trip, por exemplo", ressaltou Janot.
Com um ano e seis meses de vida, a Azul tem uma frota de 18 aviões Embraer e deverá encerrar o ano com 26 aeronaves. Com a fabricante brasileira de aviões, a companhia aérea tem 41 pedidos firmes, além de opções e direitos de compra para outras 40 aeronaves. A Azul atende 22 cidades do país e até o final do ano pretende ampliar a atuação para mais quatro cidades distribuídas pelas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Em agosto, completaremos a marca de 4 milhões de pessoas transportadas em menos de dois anos de operação".
De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), junho registrou crescimento de 16,81% no mercado doméstico. Com isso, o primeiro semestre já acumula aumento de 27,58% na demanda doméstica e de 13,42% na internacional, comparado a igual período de 2009. A Azul obteve uma participação de 5,68% ficando na quarta posição, mas a companhia foi a que voou com seus aviões mais cheios em junho. Segundo a agência, no período a empresa apresentou uma taxa de ocupação de 84,20%.
EXPANSÃO
38 jatos - É o número de aeronaves da Embraer, entre modelos 190 e 195, que a Azul espera ter em 2011. Em 2013, a empresa terá uma frota de 62 da família 190.
FROTA BRASILEIRA
37 ATRs - É o número de aviões turboélices da ATR que estão em operação no Brasil. No mundo, a empresa mantém em operação 106 aeronaves.
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