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Aeroportos beiram o colapso operacional

Ipea mostra que é preciso investir no setor para a Copa de 2014
 
Jornal do Brasil

Os aeroportos de pelo menos oito das 12 cidades que vão sediar os jogos da Copa de 2014 estão operando no limite da capacidade e, em alguns casos, beiram "o colapso operacional" devido à demanda não atendida. É o que mostra estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que fala do risco de um apagão logístico no setor aéreo caso não haja investimentos. Um dos pontos abordados é a abertura de capital da Infraero ou a concessão dos aeroportos mais lucrativos à iniciativa privada.

O caso mais grave é o do aeroporto de Manaus (AM), que tem capacidade para atender a nove pedidos por hora de pouso ou decolagem nos horários de pico, mas recebe 17 solicitações – praticamente o dobro do limite. De acordo com o instituto, o terminal de cargas de Manaus ficou absolutamente congestionado com a importação de insumos e peças para montagem de televisores e as empresas tiveram que readequar a produção.

Acima do limite
O Aeroporto de Congonhas e de Guarulhos, em São Paulo, onde está prevista uma das semifinais do mundial, também operam com níveis bastante superiores ao limite.

Congonhas tem capacidade de atender a 24 operações de pouso ou decolagem simultâneas, mas tem demanda de 34. Guarulhos tem limite de 53 operações e funciona com fluxo de 65 pedidos.

"Situações preocupantes são aquelas em que o nível de utilização das instalações suplanta 80% de sua capacidade.

Os casos críticos, quando o nível de utilização das instalações supera a capacidade instalada, ocorre em deterioração do nível de serviço. Nesses casos, dependendo do percentual alcançado está-se beirando o colapso operacional", diz o estudo do Ipea.

O levantamento não apresentou a situação dos aeroportos em Cuiabá (MT), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Recife (PE), que também vão abrigar jogos da Copa. Mas, segundo o Ipea, a situação também é preocupante nestes aeroportos.

A grande questão, segundo o Ipea, é justamente o nível de ampliação da demanda que eventos como a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos de 2016 irão provocar no país.
 
Apenas em São Paulo, o movimento nos aeroportos será amplificado em 600 mil visitantes, segundo o estudo.

"Não se pode deixar de considerar que um acréscimo estimado, para São Paulo, de 600 mil visitantes em dois meses, causará grandes transtornos em Guarulhos e Congonhas, se não forem removidos a tempo os gargalos que afetam estes aeroportos", afirma o estudo.
 
O levantamento indica uma série de ações imediatas que podem resolver o problema e prega a injeção de recursos no setor em médio prazo para viabilizar os eventos esportivos e evitar que o transporte aéreo venha a prejudicar e até impedir o crescimento econômico do país. Um dos pontos abordados pelo Ipea é a abertura de capital da Infraero, a empresa pública que controla os aeroportos, ou a concessão dos aeroportos mais lucrativos à iniciativa privada. A ampliação de terminais e construção de novos aeroportos por meio de parcerias público-privadas também é levantada.

A evolução do transporte aéreo no país encontrou obstáculos que justificam as deficiências atuais.
 
Na avaliação do Ipea, problemas de "ordem institucional, legal, infraestrutural e operacional" fizeram com que as melhorias no setor não acompanhassem o crescimento acelerado da demanda.

Os governos deveriam ter adotado medidas que vão desde o "adequado planejamento de longo prazo para o sistema de aviação civil" ao estabelecimento de "políticas consistentes" com "marco legal e regulador mais condizente com o novo ambiente competitivo".

"Além do mais, não se tem uma definição clara de estratégias para a aviação brasileira nos próximos 30 anos e, sobretudo, não se têm políticas e regras de regulação econômica que balizem a evolução dos mercados internacional, doméstico e regional", critica o estudo.
 
Medidas
Para superar as dificuldades no setor, o Ipea argumenta que o governo vai ter que "conter a dispersão de recursos por uma grande diversidade de aeroportos, sem critérios claros de prioridades decorrentes das necessidades da demanda" e ainda distribuir os investimentos de acordo com o que a demanda e a segurança "exigem em termos de terminais, pátios, pistas e sistemas de aproximação e proteção ao voo".

Desta forma, segundo o Ipea, será possível estimular o crescimento do transporte aéreo e a sua popularização, que devem ser vistos como positivos para o país. "Olhando para o futuro, independente do tipo de cenário projetado, os investimentos nas infraestruturas aeronáutica e aeroportuária deverão ser incrementados de forma significativa a médio e longo prazo."

É abordada a abertura de capital da Infraero ou a concessão à iniciativa privada
Com agências

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