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Uma ponte aérea só para a classe executiva

Marcelo Ambrosio - Jornal do Brasil

Na Europa isso não é mais novidade. Nem nos Estados Unidos, embora a crise econômica tenha abortado algumas tentativas mais ousadas, principalmente transcontinentais. Criar voos exclusivos para a classe executiva em trajetos de alta densidade poderia ser uma alternativa interessante especialmente no caso da ponte aérea entre o Santos Dumont e Congonhas – mesmo depois de o trem-bala ficar pronto. Li recentemente que a passagem por via férrea custaria em torno de R$ 500, o que achei extremamente salgado considerando a comparação com o que o avião, em tese, oferece. Fala-se que o trajeto entre o Rio e São José dos Campos, que seria o primeiro a ser posto em operação, levaria em torno de duas horas e meia. É verdade que gastamos isso na via aérea se levarmos em consideração o tempo de deslocamento e a espera. Mas ganharíamos no translado entre São José e São Paulo.

Na semana passada, antes da fuga cinematográfica da nuvem vulcânica em um aeroporto Charles de Gaulle frenético, minutos antes do fechamento, a intenção era falar da questão dos voos executivos. Tive a oportunidade de experimentar duas vezes uma companhia europeia especializada nesse tipo de serviço e fiquei analisando se caberia no Brasil. A Blue Line é francesa e opera com várias aeronaves. No nosso caso, colocou à disposição um Fokker 100 inteiramente configurado com poltronas de couro e enorme espaço interno. Não houve quem não achasse interessante.
 
A foto que você vê na coluna foi tirada a bordo, minutos antes do embarque no aeroporto internacional de Vitoria Gastesz, no país basco, para O Charles de Gaulle, em Paris. O trecho foi cumprido em 45 minutos, quase o que se leva, em condições normais, entre os dois aeroportos mais movimentados do Brasil. Nesse meio tempo, a tripulação de cabine – duas belíssimas comissárias e um comissário – serviu um almoço completo, com direito até a café e chá. A etapa foi tranquila, sem qualquer alteração. Não só consegui almoçar sossegado, como ainda pude comer sem dar com a testa na poltrona da frente – esse é um tema, aliás, para outra coluna.

Pensar em voos da ponte aérea voltados para a classe executiva poderia ser um bom negócio.

Em minha opinião e na de alguns executivos que ouvi, há demanda para tal. São profissionais cujo tempo é muito caro e, justamente por isso, poder aproveitá-lo da melhor forma a bordo é uma forma de otimização. Com um conforto maior, por exemplo, na ida para algum compromisso, seguramente o desempenho físico da pessoa na tarefa é superior ao de alguém que viajou, por exemplo, nos bancos de ônibus da Gol, ou nas poltrona virtuais que a Recaro criou para os Airbus que a TAM utiliza.

O Fokker 100 da Blue Line certamente garantiu um RPK (Revenue Passenger Kilometer, medida de rentabilidade em função da quantidade de pessoas transportadas e da distância) bem razoável.

Normalmente, o jato leva 99 passageiros, mas naquela configuração carregou no máximo 60. Mesmo em termos de ponte Rio-SP, com ou sem trem-bala, sou capaz de acreditar que o custo dessa passagem ainda poderia ser vantajoso. Mais caro evidentemente, porém mais justo do que os R$ 700 em média que vi nos sites consultados na quarta-feira. Fica a sugestão.

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