Relatório da Controladoria Geral indica que estatal tem a receber quase R$10 milhões de consórcio
Bernardo Mello Franco - O Globo
BRASÍLIA. Um relatório inédito da Controladoria Geral da União (CGU) indica um rombo de quase R$10 milhões em contrato da Infraero com o Consórcio CDN, responsável pelos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto no Aeroporto Antonio Carlos Jobim. O documento, a que O GLOBO teve acesso, lista novas irregularidades em contratos de aluguel de áreas comerciais e prestação de serviços nos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont. A auditoria cobra "medidas enérgicas" da estatal e conclui que os problemas "implicaram prejuízo ao Erário".
Contrato de água e esgoto teve sucessivos reajustes
Para a CGU, sucessivos reajustes no contrato de água e esgoto do Galeão levaram a estatal a fazer pagamentos indevidos entre 2005 e 2008. A cada aumento, o consórcio teria recebido indenizações em valores retroativos, o que os auditores consideraram ilegal. Apesar dos problemas, o contrato continua em vigor. "Em virtude de diversas irregularidades na formulação dos termos aditivos, constatouse que a Infraero é na verdade credora do Consórcio CDN", diz o relatório. "O contrato em questão causou um dano aos cofres públicos de R$9,93 milhões".
No Aeroporto Santos Dumont, a CGU encontrou indícios de favorecimento a empresas que ocupariam áreas comerciais sem ter disputado licitação. São citadas a joalheria H.Stern e a livraria Laselva. "Essas concessões são bastante antigas, algumas com mais de 50 anos, e esses concessionários têm se mantido em áreas administradas pela Infraero mediante sucessivos termos aditivos (...) sem nenhum amparo legal". A H.Stern também é acusada de ocupar indevidamente uma área restrita do terminal novo do Santos Dumont, apesar de o seu contrato só prever o uso de uma área no terminal antigo.
O diretor do CDN, Marcelo Pizzatto, disse que o consórcio não foi notificado sobre a auditoria e negou ter recebido pagamentos indevidos da Infraero. A Laselva reconheceu que "alguns poucos contratos antigos tiveram início sem licitação", mas negou ser favorecida pela estatal. A H. Stern se declarou vítima de "atos de total desrespeito à lei e ao contrato por parte da Infraero" e informou que recorreu à Justiça para permanecer no Santos Dumont. Luca Padovano, da Aqualung, também negou irregularidades no contrato da loja no Santos Dumont.
A auditoria da CGU foi iniciada a pedido do ministro da Defesa, Nelson Jobim. O relatório foi encaminhado à Infraero no fim do ano passado, mas as conclusões permaneceram em sigilo, e a maior parte das empresas continuou nos aeroportos. São coitados outros casos de irregularidades nos aeroportos de Brasília, São Paulo, Salvador e Curitiba. Na segunda-feira, O GLOBO revelou a criação de uma força-tarefa da Procuradoria Geral da República para investigar suspeitas de favorecimento e dispensa irregular de licitação nos aeroportos.
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