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Pilotos do jato Legacy mentiram, afirma perito

Jornal da Câmara
 
O perito Roberto Peterka, especialista em investigação de acidentes aéreos, disse que se pode afirmar, com base na análise de dados como caixa preta e de voz, que os dois pilotos do jato mentiram quanto aos procedimentos de segurança adotados para aquele voo.
 
Os pilotos disseram que haviam realizado o teste obrigatório do T-CAS, quando todas as evidências, segundo o perito, tornam óbvio que esse teste nunca foi realizado, pois isso teria deixado uma série de registros que não existem. "Na análise do momento da colisão, toda uma série de alarmes teriam sido acionados e percebemos que nenhum desse alarmes apareceu. Eles nunca ligaram o equipamento", detalhou.

O especialista descartou também que tenha havido defeito no equipamento Transporder. Pela avaliação de Peterka, não houve defeito ou mal-funcionamento do aparelho. Se ele não estava ligado foi porque ele também não foi acionado pelos dois pilotos norte-americanos.

Roberto Peterka apresentou, na reunião, um parecer baseado nas investigações da Aeronáutica.

Nesse parecer, relata que os pilotos do Legacy não estavam aptos, de acordo com a legislação brasileira, a pilotar aquele jato. "Eles não tinham pré-requisitos, como número de horas voadas aqui.

Também não prestaram atenção ao planejamento e ao plano de voo, trafegavam em uma altura para a qual não estavam autorizados e ainda por cima deixaram de acionar o mecanismo T-CAS, que deve ser utilizado em conjunto com o aparelho Transponder, que aliás, estava desligado", disse. Surpresos com a informação, os deputados Gustavo Fruet (PSDB-PR) e Emanuel Fernandes (PSDB-SP) quiseram saber se as informações apontadas por Peterka eram inéditas e se a Aeronáutica havia tomado conhecimento delas durante as investigações. Fernandes questionou também se a investigação poderia ser reaberta diante de fatos novos.

O chefe do centro de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro do ar Jorge Kersul Filho, não quis responder se havia alguma novidade nas conclusões de Peterka, mas relatou que as investigações poderiam ser reabertas se houvesse algum fato relevante, mas esse não era caso. Dando a entender que não há surpresa para a Aeronáutica nas conclusões do especialista.

Questionado por Emanuel Fernandes sobre a existência de um ponto cego para radares sobre a região amazônica, Kersul negou que esse ponto exista. "Posso dizer com segurança que isso não existe no Brasil. No momento do acidente, aquele Legacy aparecia em cinco radares diferentes. Os radares não falharam, o jato é que deixou de ser cooperativo com o controle aéreo", afirmou.

Acidente com o avião da Gol pode ficar sem punição, alerta advogado

O advogado da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, Dante D'Aquino, disse que os responsáveis pelo acidente entre o jato Legacy da Embraer e o avião da empresa aérea Gol, que ia de Manaus para Brasília, em 29 de setembro de 2006, poderão escapar da Justiça sem nenhuma punição.

D'Aquino participou, na terça-feira (30), de audiência pública da Comissão de Viação e Transportes para avaliar a as providências tomadas após três anos do acidente. "Existe um sério risco - com a morosidade do andamento dos processos e as táticas da defesa, como a lista de testemunhas estrangeiras e outros expedientes - de os processos caducarem em 2011", alertou.

Ele lembrou que, desde 25 de maio de 2007, quando os dois pilotos do jato e alguns controladores de voo tornaram-se réus, já se passaram mais de dois anos, e o prazo para terminar o processo é de quatro anos. Além disso, D'Aquino explicou que só o primeiro dos processos já acumula mais de 20 volumes e não tem nenhuma previsão de ser concluído.

Um dos vários problemas está na quantidade de testemunhas de defesa arroladas pelos pilotos do jato no exterior. "São oito testemunhas nos Estados Unidos e uma na Suíça para falar sobre algo que nenhuma delas viu, já que não restou nenhuma vítima viva", disse.

O deputado Vanderlei Macris (PSDBSP), autor do requerimento para a realização da audiência, lamentou a necessidade da reunião. "Não podemos deixar que essas questões passem em branco ou que a resultante delas nos campos civil e penal deixe de ser aplicada", disse.

Ele propôs, e teve o apoio dos demais, que um grupo de parlamentares da comissão vá até o presidente do tribunal regional federal em que o caso tramita alertar dos riscos desse processo ficar sem punição e pedir que seja dada celeridade à resolução dele.

Familiares se emocionam ao lembrar passageiros

Convidada para a audiência, a viúva de uma das vítimas, Rosane Prates de Amorim Gutjahr, lembrou que um passageiros do jato relatou em seu blog que as autoridades brasileiras seriam como os três patetas e os pilotos teriam dito, no voo, que esta seria uma terra de índios e macacos. Ela afirma que a caixa de voz da aeronave confirma isso.

"Somos 154 famílias dignas de direito e de respeito, tanto por parte dos civis quanto por parte dos militares. Perdemos nossos entes, somos desrespeitados e ninguém vai ser punido, porque, para esses norte americanos, somos mesmo tupiniquins e macacos. Eles vêm aqui, eles matam e acham que tudo deve ficar por isso mesmo. A mãe do piloto Lepore teve coragem de falar 'espero que tudo termine bem para todos'. Bem para quem?", relatou.

(JP)

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