Desaquecimento econômico e temores de uma pandemia afetam empresas
GRACE SEGRAN
The New York Times
Queda na demanda, lucros menores, baixa confiança do consumidor e temores de uma pandemia afetaram a indústria da aviação, que luta pela sobrevivência. Companhias aéreas devem divulgar prejuízos de US$ 9 bilhões este ano, com uma queda sem precedentes de 15% na receita que fará os rendimentos do setor caírem US$ 80 bilhões, atingindo o montante de US$ 448 bilhões.
– Governos, parceiros e companhias aéreas precisam usar a crise como uma oportunidade de construir uma indústria mais forte – diz o diretor geral e CEO da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, em inglês), Giovanni Bisignani. – Isso significa mudar o tamanho e reestruturar–se.
O chefe da Iata pediu a líderes da indústria para adaptarem suas empresas e exercitarem a flexibilidade.
– Temos que modernizar as práticas de trabalho e fazer mais com menos para proteger os empregos – diz Bisignani.
Para sobreviver ao mercado online global, ele diz que agentes de viagens precisam reformar os serviços e os modelos de negócio para oferecer um valor que os turistas estejam dispostos a pagar.
Enquanto a Global Distribution System Ocidental cobra US$ 4 por transação, a China TravelSky faz o mesmo trabalho por US$ 0,50.
O relacionamento entre as companhias aéreas e os governos também precisa mudar, diz, passando "de micro–regulação punitiva para solução conjunta de problemas".
Pés no chão
O diretor geral da Brussels Airlines, Bernard Gustin, diz que a companhia aérea tinha 20% menos passageiros no primeiro trimestre desse ano. Isso aconteceu, principalmente, no setor corporativo devido ao congelamento de viagens imposto pelas empresas, explica, "apesar de estar levemente contrabalançado por vendas de viagens de lazer e promoções pelas quais tínhamos de nos responsabilizar para estimular o mercado".
Desde abril, o número de passageiros aumentou, mas os lucros despencaram. Isso se dá amplamente devido ao fato de turistas de negócio procurar passagens mais baratas e um número maior de turistas de lazer em busca de descontos e reservas com antecedência.
A Brussels Airlines reduziu, de acordo com Gustin, sua capacidade em 15%, diminuiu as despesas operacionais em 20%, e negocia um congelamento de salário.
– Estamos segurando nossa receita à medida que os preços em queda mostram que a atual clientela paga menos – diz Gustin.
A companhia aérea procura por um sócio desde 2005 quando os acionistas (principalmente instituições belgas) disseram que não estavam mais interessados em manter suas ações. As negociações começaram em 2007 com a Lufthansa e estavam prestes a serem concluídas no fim de junho, sob um acordo em que a companhia alemã ficaria com uma participação de 45% na Brussels Airlines com uma opção nos 55% restantes.
– A parceria terá um impacto positivo sobre a Brussels Airlines devido à estratégia multimarcas e multifoco da Lufthansa – diz.
O impacto sobre os aeroportos
Além das companhias aéreas, aeroportos também são afetados pela recessão; compartilhando os mesmos clientes e tendo interesses comuns como serviço de consumidor, segurança, eficiência e controle de custos, e responsabilidades ambientais.
A depressão veio logo depois que a indústria tinha realizado altos gastos em resposta ao tremendo crescimento do número de passageiros.
No entanto, aeroportos não têm a mesma habilidade que as companhias aéreas para contratar e se expandir rapidamente, de acordo com o presidente e CEO da Aeroports de Montreal e presidente do Conselho Internacional de Aeroportos, James Cherry.
– A natureza dos aeroportos torna muito difícil fazer cortes dramáticos nos custos quando uma crise acontece – especialmente uma que veio tão rapidamente quanto a que enfrentamos agora – observa Cherry.
Ao mesmo tempo em que essa crise é significativa e não pode ser ignorada, a indústria – e aeroportos em particular – têm que manter um foco de longo prazo, conta.
Bisignani diz que algumas estratégias para as companhias aéreas sobreviverem à crise já estão claras.
– Grandes fusões, como KLM–Air France, Lufthansa–Swiss, Delta–Northwest, JAL–JAS, Cathay Pacific–Dragonair, criaram competidores mais fortes – disse.
As companhias aéreas americanas tinham reduzido a capacidade rapidamente. Como resultado, elas estão mais fortes agora, destaca ele. No entanto, cada empresa precisa tomar sua própria decisão, mas "nós devemos equiparar a capacidade com a demanda em queda".
Cerca de quatro mil aeronaves, ou 17% da frota atual, estão programadas para liberação nos próximos três anos. Aeronaves requisitadas antes da crise estão sendo entregues na recessão.
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