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Calor global intensifica turbulĂȘncia

Para especialistas, mudança climåtica favorece formação de nuvens carregadas e aumenta instabilidade aérea

MĂŽnica Cardoso

As turbulĂȘncias enfrentadas por aeronaves estĂŁo cada vez mais frequentes. E essa freqĂŒĂȘncia tende a aumentar com o aquecimento global. "A turbulĂȘncia nos voos sempre existiu, mas pode ser agravada pelo aumento de temperatura", explica o professor de Climatologia JoĂŁo Lima de Sant?anna, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "O aquecimento global tende a provocar o aumento da instabilidade aĂ©rea, uma vez que aumenta a temperatura e, consequentemente, a evaporação e a formação de nuvens de grande extensĂŁo, as chamadas cumulus nimbus, que sĂŁo ĂĄreas de turbulĂȘncia."

Segundo Sant?anna, essas nuvens se formam a uma altitude em torno de 1 mil metros e apresentam quilÎmetros de espessura. Os aviÔes, que voam a cerca de 10 mil metros de altura, podem atravessar uma parte da nuvem.

Outro fenĂŽmeno climĂĄtico, o El Niño, tambĂ©m tem contribuĂ­do para o aumento de turbulĂȘncias.

"Com o El Niño, as åguas da parte leste do Oceano Pacífico, na região do Peru e do Equador, estão mais quentes que o habitual. Isso provoca modificaçÔes nos ventos alísios da região equatorial e no Oceano Atlùntico", explica o professor de Meteorologia da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Leite da Silva Dias.

No caso do voo 128 da Continental Airlines, entre o Rio e Houston, que enfrentou forte turbulĂȘncia na manhĂŁ de segunda-feira, hĂĄ a influĂȘncia de outro fator. A regiĂŁo do TrĂłpico de CĂąncer, que compreende o sul da FlĂłrida, nos Estados Unidos, e o Caribe, Ă© uma Zona de ConvergĂȘncia Intertropical. Nesta Ă©poca do ano, verĂŁo no HemisfĂ©rio Norte, duas massas de ar quente convergem, uma vinda dos Estados Unidos e outra da regiĂŁo amazĂŽnica. O aviĂŁo pode ter passado por uma regiĂŁo com nuvens carregadas, as chamadas cumulus nimbus, que estĂŁo cheias de ĂĄgua e gelo. Ou entĂŁo pode ter sofrido uma turbulĂȘncia de cĂ©u claro, que Ă© bem mais difĂ­cil de prever.

"Pelo radar meteorolĂłgico, equipamento que detecta o mau tempo e estĂĄ presente em todos os modelos de aeronaves, o comandante vĂȘ as nuvens e pode associĂĄ-las a uma turbulĂȘncia. No caso do cĂ©u claro, ele Ă© pego de surpresa. É como uma correnteza no mar. EstĂĄ ali, mas nĂŁo Ă© possĂ­vel detectar", avalia o especialista em Segurança AĂ©rea Ronaldo Jenkins. Segundo ele, nĂŁo existe uma estatĂ­stica mundial que possibilite comprovar se o nĂșmero de turbulĂȘncias aĂ©reas aumentou. "Todo modelo de aeronave estĂĄ sujeito a turbulĂȘncias, que podem fazer o aviĂŁo ganhar ou perder altitude."

O site Avherald.com registrou um aumento no nĂșmero de casos de turbulĂȘncias em 2009.

Durante todo o ano passado, 28 incidentes do tipo foram registrados. Neste ano, atĂ© ontem, jĂĄ sĂŁo 35 casos. O site traz notĂ­cias diĂĄrias sobre inĂșmeros tipos de ocorrĂȘncias em voos no mundo, de pousos forçados a problemas mecĂąnicos.

Para evitar ser pego de surpresa numa turbulĂȘncia, os especialistas recomendam deixar o cinto afivelado durante todo o voo. "Isso evita que o passageiro seja pego desprevenido. Quando ele estĂĄ dormindo, um sono pesado, dificilmente vai ouvir o aviso sonoro nem terĂĄ uma reação rĂĄpida", diz Daniel David Horsky, especialista em Segurança e coordenador do Centro Educacional de Aviação do Brasil (CEAB).

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