Irritado, ministro da Defesa dá 30 dias à estatal para elaborar plano diretor


Lino Rodrigues

SÃO PAULO. A falta de interação entre Infraero - estatal que administra os aeroportos públicos do país -, órgãos reguladores e de controle da aviação civil e empresas do setor irritou o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Ao descobrir que sua pasta e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desconheciam o plano diretor elaborado pela Infraero para os aeroportos, o ministro, aos gritos, ameaçou demitir a diretoria da estatal. Também ordenou prazo de 30 dias para que ela apresente um novo plano com soluções para os problemas de infra-estrutura do setor.

Segundo relato de Rui Thomaz de Aquino, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), as críticas ocorreram na sexta-feira, durante reunião do ministério. Segundo o presidente da Abag, Jobim teria exigido ainda que a Infraero ouvisse a Anac, as empresas do setor e órgãos como o Departamento de Controle de Espaço Aéreo.

- Ninguém tem conhecimento dos planos da Infraero para nossos aeroportos. O ministro chegou a ameaçar que demitiria a diretoria da Infraero - disse Aquino, durante a entrevista coletiva de apresentação da Latin America Business Aviation Conference e Exibition (Labace), maior evento da aviação executiva da América Latina, que será aberta hoje por Jobim, em São Paulo.

Jobim teria questionado também os diretores da Infraero presentes à reunião (o presidente da estatal, Sergio Gaudenzi, não participou do encontro) sobre as razões de tantas irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo Ministério Público Federal (MPF) nas obras que a estatal executa nos aeroportos de todo o país.

Problemas que quase renderam uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional no ano passado.

Apenas no TCU, há mais de 90 processos em curso sobre as obras da Infraero, todos com suspeita de superfaturamentos, pagamentos ilegais, licitações dirigidas e uma série de violações à Lei das Licitações.

Frota brasileira é a segunda maior do mundo

O Ministério da Defesa minimizou a irritação de Jobim e disse que a falta de interação era um problema do passado.

Em sua quinta edição, a Labace deve movimentar US$350 milhões em negócios, com crescimento de 75% sobre a edição anterior. Segundo a Abag, a atual frota brasileira de aviões particulares, jatos executivos e helicóptero é de 10.562 aeronaves, a segunda maior do mundo, e deve crescer 2,5% este ano.

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