Pular para o conteúdo principal

Cinco vezes TAP

A companhia lança cinco categorias de serviço em um mesmo vôo. Vai dar certo?


ADRIANA MATTOS

O passageiro chega ao aeroporto e, no balcão da empresa aérea, ele pode ser atendido imediatamente por uma das oito sorridentes atendentes à sua espera. Segundos depois, antes de se encaminhar à sala vip, ele dá uma passadinha no Premium Customer Center, uma espécie de lounge com atendimento personalizado que resolve questões ligadas a milhas, eventuais reclamações e tira dúvidas. Ao se dirigiu ao embarque, esse passageiro não enfrenta a desgastante fila do raio X das malas.

Ele tem um esteira (quase) só para ele. E, calmamente, poderá desfrutar, então, das regalias da sala vip até o momento de embarque. Em tempos de crise aérea, acha isso inacreditável?

Pois a TAP Portugal decidiu reestruturar a sua linha de produtos à venda, com mudanças tanto para a ala mais abonada como para quem só viaja com tarifas promocionais.

A partir de 1º de junho, começam a ser vendidas passagens dentro de cinco modalidades: executive, plus, classic, basic e discount. As diferenças não se limitam às tarifas. Cada uma delas possui um pacote de serviços específicos, no qual o preço é um dos ingredientes. As mudanças, porém, só valem para os vôos na Europa. A operação brasileira não seguirá esse modelo, pelo menos por enquanto. No País, onde a TAP é a principal porta dos estrangeiros que vêm ao Nordeste, a concorrência das companhias aéreas de baixo preço é pequena.

Esse é o primeiro grande movimento na busca da maior segmentação do setor aéreo no mundo.

Se der certo, o grupo estará inaugurando um novo modelo de negócios na aviação comercial, unindo, numa mesma empresa, um sistema de atendimento personalizado e a política low cost, low fair. É um avanço num mercado bombardeado de todos os lados.

O projeto da TAP é uma reação a uma crise que se arrasta no setor há quase sete anos. Desde o ataque às torres gêmeas, em Nova York, as companhias não conseguem equilibrar suas contas. Só nos últimos seis meses, o valor do combustível para aviação dobrou. Atualmente, a aérea portuguesa está numa situação financeira mais confortável que as concorrentes. O lucro cresceu 350% em 2007. Mas ela teme que a pressão nos custos coma seus resultados. Por isso, em janeiro, a linha de frente da TAP começou a pensar numa forma de trazer mais dinheiro para o caixa. “Estávamos com esse plano de segmentação há algum tempo na gaveta.

Agora começa para valer”, diz Luiz Gama Mór, vice-presidente da TAP.

Segundo ele, a criação do modelo discount é a grande tacada da empresa para combater as aéreas européias de custo baixo. Essa tarifa estará disponível apenas em alguns vôos e em determinados horários. Deverá ser inferior à cobrada na classe econômica hoje. Nessa categoria, o passageiro tem direito a apenas 10% das milhas no trecho. Se quiser alterar o horário do vôo, paga multa. Nada de fila exclusiva ou raio X particular. Mas há exceções.

O cliente corporativo da TAP pode comprar uma passagem econômica e usufruir dos mimos da executiva. A empresa vai distribuir cartões corporativos para esses clientes, que lhes darão passe livre nas áreas restritas ao passageiro vip.

O raciocínio é simples: a estrutura já está montada, então, se mais pessoas a usarem, a possibilidade de fidelização cresce. Nada disso sai de graça. Só em campanha publicitária para anunciar as mudanças, a companhia vai desembolsar um milhão de euros. O gasto médio dessas ações na TAP não supera 300 mil euros. Além disso, manter vários modelos de negócio dentro de uma mesma empresa custa dinheiro e exige um gerenciamento contínuo de cada produto.

“Acreditamos que em seis meses pagamos todos os gastos”, diz Mór. “O preço do combustível disparou. Precisávamos encontrar formas de aumentar a receita da empresa”, diz.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul