No salão aeronáutico de Farnbourough no Reino Unido, o diretor-geral da companhia Vertolioty Rossii Alexander Mikheev voltou a anunciar a possibilidade de ser concluído em breve um acordo com a China para o desenvolvimento conjunto e produção de um helicóptero pesado. Para ambas as partes o mais importante agora é definir as características desse futuro helicóptero.


Vassili Kashin | Voz da Rússia

A ideia sobre uma possível produção conjunta de um helicóptero pesado surgiu pouco depois do terramoto devastador ocorrido na província de Sichuan em 2008. Nessa altura, durante os trabalhos de salvamento foram usados helicópteros Mi-26 de fabrico russo e que são os helicópteros mais pesados do mundo.


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Desde o início das negociações que ambas as partes encararam o projeto de formas muito diferentes. A Rússia, por exemplo, contava inicialmente associar simplesmente a China à realização do seu próprio projeto do futuro helicóptero pesado Mi-46, mas esse ponto de vista não foi apoiado pela parte chinesa.

Simultaneamente, já na fase inicial, as partes acordaram que o helicóptero não seria um desenvolvimento do Mi-26 por este ser demasiado pesado e caro. Nos anos posteriores a China continuou a adquirir pontualmente aparelhos Mi-26. Desde 2008 foram comprados no total três aparelhos e recentemente foi assinado um contrato para mais um desses helicópteros. Os Mi-26 na China não são atribuídos às forças armadas, mas sim usados por duas companhias aéreas especializadas de Harbin e Qingdao. Essas companhias utilizam helicópteros em combates a fogos, operações de salvamento, transportes especiais e outros trabalhos especializados.

A China manifestou o interesse num helicóptero menos pesado e complexo, mas entretanto as exigências chinesas foram sendo sucessivamente alteradas. Em diferentes períodos foi referido que o peso máximo de decolagem poderia ser superior a 20 toneladas, a 30 toneladas e mesmo superior.

É possível que se tenha tratado de exigências de diferentes ministérios chineses não acordadas entre eles. As fronteiras da China atravessam montanhas, desertos e mares com muitas ilhas, por isso a importância do helicóptero é evidente. Contudo, formalmente o projeto conjunto é abordado como exclusivamente civil e não possui (ou não possuía até recentemente) o estatuto de projeto de cooperação técnica militar.

A China, segundo se depreende das afirmações dos representantes da Corporação da Indústria de Aviação da China (AVIC), gostaria de criar a sua própria produção de um helicóptero pesado com a ajuda da Rússia. Do ponto de vista da Vertolioty Rossii, o projeto deverá pressupor uma participação em partes iguais em que cada um fosse responsável pelos elementos do helicóptero em que tivesse uma vantagem tecnológica. Isso iria reduzir ao mínimo a transferência de tecnologias russas, o que não interessava aos chineses. Por outro lado, para a Vertolioty Rossii não faria sentido criar um concorrente com as suas próprias mãos.

Entretanto o mercado principal para o futuro helicóptero pesado seria essencialmente na China. As necessidades da Rússia em helicópteros pesados são bastante inferiores e são essencialmente satisfeitas pelos Mi-26 existentes e novos.

A visita de Vladimir Putin à China em maio de 2014 deu um novo impulso às negociações sobre o futuro helicóptero, mas por enquanto é difícil afirmar se esse impulso político será suficiente para superar rapidamente as velhas divergências e as partes ainda têm pela frente intensas negociações.


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