Lâminas de aerogeradores podem interferir nos sinais enviados por radiofaróis localizados em terra aos sistemas de navegação dos aviões. Governo impôs zonas de proteção próximas a aeroportos, e indústria eólica reclama.


Deutsch Welle

O número de aerogeradores na Alemanha vem crescendo de vento em popa. Em 2012, a capacidade instalada no país era de 31 gigawatts – a terceira maior do mundo, segundo relatório da World Wind Energy Association (WWEA). Mas exatamente esse aumento vem preocupando tanto controladores de voo como os pilotos que diariamente pousam e decolam, nos aeroportos alemães.


O risco, segundo explica Axel Raab, porta-voz da Deutsche Flugsicherung (DFS), empresa que controla o tráfego aéreo na Alemanha, é que aerogeradores e outras edificações refletem os sinais enviados pelos radiofaróis, os quais auxiliam na determinação da localização do avião. Desse modo, o sistema de navegação da aeronave pode receber dados distorcidos, resultando num desvio de curso.




Os sinais de interferência de um aerogerador seriam especialmente problemáticos, acrescenta Stefan Hawlitschka, do Instituto Fraunhofer para Técnicas de Informação e Ergonomia (FKIE): é quase impossível para o computador de bordo do avião corrigi-los, pois, ao contrário das edificações "normais", as lâminas dos aerogeradores giram, causando interferências totalmente irregulares nos sinais emitidos.

"No pior dos casos, isso poderia resultar numa colisão entre dois aviões, na área adjacente a um grande aeroporto. E isso não pode acontecer de jeito nenhum", informou Raab, em entrevista à DW.


Regras mais duras para parques eólicos


Atenta ao problema, em 2009 a Autoridade Federal de Fiscalização de Segurança de Voo (BAF, em alemão) criou 64 zonas de proteção, onde não é mais permitida a construção de aerogeradores.




A medida é um duro golpe para a indústria eólica. Pois nos arredores de grandes aeroportos, como em Frankfurt, os radiofaróis estão tão próximos que suas zonas de proteção praticamente não deixam mais lacunas para a construção de parques eólicos.

De acordo com dados da Associação Federal de Energia Eólica da Alemanha, 208 projetos de parques eólicos já fracassaram devido à lei. Caso aprovados, eles poderiam estar fornecendo um total de quase quatro gigawatts – o equivalente a quatro usinas nucleares.

Assim, nos últimos meses aumentaram as reclamações das operadoras sobre a rejeição indiscriminada de parques eólicos nas zonas de proteção. Elas exigem um relaxamento da regra e um número maior de exceções, como ocorre na França ou no Reino Unido.

Contudo a BAF não deverá alterar sua política. Segundo seu diretor, Nikolaus Herrmann, já foram construídos muitos aerogeradores na Alemanha antes da introdução das zonas de proteção, e "agora a medida está cheia". A seu ver, ainda há muito espaço em outros locais para novos parques eólicos, e a segurança de aviões, passageiros e pessoas em terra tem prioridade absoluta.

Herrmann admite que a situação fica difícil para os parques eólicos civis, que não dispõem de tantas alternativas quanto os operadores suprarregionais. Uma esperança seria a tecnologia de navegação por satélite. No entanto, ela ainda é imprecisa demais e não é possível, no momento, renunciar aos velhos radiofaróis.



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