MAJENE, Indonésia - As operações de busca do Boeing 737 com 102 pessoas a bordo que desapareceu na segunda-feira (1) na Indonésia concentravam-se nesta sexta-feira (5) numa zona do noroeste da Ilha de Célebes, após a detecção, há três dias, de um sinal emitido pela baliza de socorro.
O sinal foi detectado na segunda-feira pelo aeroporto Sam Ratulangi, em Manado (norte de Célebes), perto do povoado costeiro de Nuangan (110 km a sudoeste de Manado), no distrito de Bolaang Mongondow, mas a notícia só foi divulgada nesta quinta-feira (4).
"Recebemos um novo sinal da baliza de socorro, que foi detectado pela torre de controle do aeroporto de Sam Ratulangi", declarou Eddy Suyanto, comandante da base aérea de Macassar, citado pelo jornal Republika.
Eddy Suyanto afirmou que o sinal foi detectado quando o Boeing desapareceu do radar na segunda-feira, sem explicar por que esperou três dias para que a detecção fosse revelada.
O Boeing da companhia aérea indonésia Adam Air decolou na segunda-feira às 12h59 (3h59 de Brasília) de Surabaya (Ilha de Java) com destino a Manado (na Ilha de Célebes, também chamada Sulawesi).
Falsa esperança
As buscas pelo Boing desaparecido prosseguem, inclusive com ajuda internacional.
Um fio de esperança havia aparecido na terça-feira (2) aos familiares dos passageiros e tripulação do avião desaparecido, quando autoridades indonésias disseram ter encontrado os destroços da aeronave e 12 sobreviventes.
Mas a esperança durou pouco. Horas depois, as autoridades desmentiram os fatos noticiados anteriormente, pedindo desculpas e dizendo que, na verdade, não encontraram nenhum sinal do Boing desaparecido.
"O local (do acidente) ainda não foi encontrado. Nós pedimos desculpas por ter transmitido uma notícia que não era verdade", disse Eddy Suyanto, na terça-feira.
O major Arif Budi Santoso afirmou a uma emissora de televisão local que depois de checar toda a região apontada como possível local da queda, os militares não encontraram nenhum vestígio do avião.
"Notícias de que habitantes da região teriam afirmado que 12 pessoas sobreviveram também não são verdadeiras. Os moradores disseram que nunca fizeram tal afirmação", acrescentou Santoso, cuja área de comando inclui a ilha Sulawesi.
Sem contato
O avião da Adam Air perdeu contato com o controle na segunda-feira, cerca de uma hora antes de pousar na cidade de Manado, no norte de Sulawesi, segundo autoridades.
Havia três norte-americanos entre os 96 passageiros do avião. Os demais, assim como os seis tripulantes, eram indonésios.
O Boeing havia saído de Jacarta na segunda-feira, fazendo escala em Surabaya. A aeronave deixou o aeroporto de Surubaya às 13h (horário local) e deveria aterrisar duas horas depois em Manado.
O contato foi perdido quando o avião estava a uma altitude de 35 mil pés, cerca de uma hora antes do momento previsto para o pouso, afirmou Tatang Ikhsan, diretor-geral de transporte aéreo do Ministério dos Transportes da Indonésia.
O ministro dos Transportes indonésio, Hatta Rajasa, disse que o avião chegou a emitir um sinal de socorro quando sobrevoava a região de Mamuju, na província de Sulawesi do Sul, 750 km ao sudoeste do fim da viagem. A região é cheia de florestas e montanhas.
Um funcionário do aeroporto de Surabaya indicou que o Boeing não teve qualquer problema técnico durante sua decolagem.
Tragédias freqüentes
Acidentes de aviação são freqüentes na Indonésia, país que é um imenso arquipélago de mais de 5 mil quilômetros de comprimento.
As companhias aéreas, tanto públicas como privadas, são objeto de críticas por suas carências em termos de segurança, seus reiterados atrasos e má administração.
Para piorar as coisas, o norte da ilha de Java foi cenário de uma violenta tempestade com fortes rajadas de vento neste final de semana.
Essas más condições meteorológicas causaram o naufrágio de várias balsas. No maior acidente, de uma balsa que fazia o trajeto Java-Bali com mais de 600 pessoas a bordo, centenas de passageiros continuam desaparecidos.
A Adam Air é uma das companhias aérea de baixo custo, que são muito comuns na Indonésia. Em novembro passado, o presidente da empresa, Adam Suherman, disse que sua companhia previa transportar onze milhões de passageiros em 2007, contra os sete milhões em 2006.
A concorrência no setor aéreo indonésio, segundo os especialistas, força as companhias a negligenciar a segurança. Um avião da companhia indonésia privada Madala caiu em setembro de 2005 sobre uma cidade da ilha de Sumatra, causando quase 140 mortes.
* Agências Reuters, Efe e France Presse colaboraram com este texto.
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