Pular para o conteúdo principal

Greve por salários pode parar voos às vésperas do Natal

Aeronautas e aeroviários ameaçam paralisar as atividades se não houver avanço nas negociações com as companhias aéreas

GLAUBER GONÇALVES / RIO - O Estado de S.Paulo

Aeronautas e aeroviários ameaçam entrar em greve no dia 22 de dezembro, depois do fracasso de reuniões com representantes das companhias aéreas para negociar o reajuste das categorias. Os sindicatos que representam pilotos, comissários e equipes de solo pedem 10% de aumento salarial e 14% sobre os pisos, porém as aéreas mantêm a oferta de 3% sobre os salários e aumento igual à inflação acumulada em 12 meses sobre os pisos (cerca de 6%).

Com a expectativa de que o número de passageiros embarcando em dezembro atinja 16 milhões, 13,6% superior ao de igual mês do ano passado, de acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), uma paralisação às vésperas do Natal e do Ano-Novo pode conturbar o sistema aeroportuário, que já opera no limite.

Os representantes dos trabalhadores classificam a proposta das empresas de "provocativa" ante o movimento de aumento dos preços das passagens promovido pelas aéreas nos últimos meses. As companhias, porém, alegam que não podem dar um porcentual mais elevado por causa das perdas ao longo do ano. No terceiro trimestre, a TAM e a Gol, líderes no mercado doméstico, tiveram prejuízo líquido de R$ 619,7 milhões e R$ 516,5 milhões, respectivamente.

A campanha salarial deste ano começou em 15 de setembro, quando os sindicatos dos trabalhadores entregaram a pauta de reivindicações às empresas duas semanas antes do prazo previsto.

Agora, passadas quase duas semanas da data-base das categorias, 1.º de dezembro, os trabalhadores acusam as companhias de intransigência nas negociações e dizem não ter alternativa a não ser a greve.

"Há cinco reuniões consecutivas o Snea vem mantendo a proposta de 3%", reclama o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), Celso Klafke. No último encontro com representantes das companhias aéreas, no Rio, os trabalhadores reduziram o porcentual de reajuste de 13% para 10% para toda a categoria e de 20% para 14% nos pisos. O Snea e a Fentac, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), se acusam mutuamente de terem rompido as negociações. Klafke, diz, no entanto, que as conversas devem ser retomadas esta semana.

"Estamos trabalhando em duas frentes: a construção da greve e a retomada das negociações", diz, ressaltando que, se as empresas não oferecerem um índice mais alto, os trabalhadores vão mesmo cruzar os braços.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, afirma que, após o anúncio da paralisação, representantes de algumas companhias aéreas já entraram em contato com ela e demonstraram interesse em negociar. "Espero que as companhias reflitam sobre essa situação e vejam que não estamos blefando."

Ao contrário da campanha salarial do ano passado, aeronautas e aeroviários estão divididos este ano. Depois de um desentendimento, trabalhadores ligados à CUT e a Força Sindical estão conversando separadamente com o Snea, o que, na avaliação de especialistas do setor, tem enfraquecido os trabalhadores.

No ano passado, aeronautas e aeroviários planejaram uma greve em dezembro, mas uma decisão judicial impediu a paralisação das categorias na véspera dos feriados de Natal e Ano-Novo. Com a justificativa de que adiantaram a pauta de reivindicações este ano, os trabalhadores esperam que a Justiça não volte a barrar o movimento.

Se o impasse nas negociações continuar e os aeronautas e os aeroviários cruzarem mesmo os braços, essa será a segunda paralisação do ano no setor. Em outubro, os aeroportuários (profissionais que trabalham na operação de aeroportos) pararam, mas por outro motivo. Eles protestavam contra a privatização dos aeroportos que o governo está levando adiante.

Procurada, a Anac não informou até o fechamento desta edição se pretende adotar um plano de contingência para a greve.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul