Wagner Bittencourt, ministro da Aviação Civil
Carolina Bahia - Zero Hora
O equipamento que pode salvar o aeroporto Salgado Filho dos sucessivos atrasos e cancelamentos de voos devido à neblina só começará a funcionar em 2014. A previsão é do ministro da Secretaria da Aviação Civil, Wagner Bittencourt. O ILS CAT 2 só pode entrar em operação depois que as obras de ampliação da pista, previstas para dezembro de 2013, estiverem prontas, e que o Departamento de Controle do Espaço Aéreo fizer os devidos testes. Mesmo assim, o ministro afirma que as ações no aeroporto da Capital estarão concluídas a tempo para atender o movimento da Copa do Mundo.
A seguir, trechos da entrevista concedida a ZH:
Zero Hora – Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada fez um alerta: as obras nos aeroportos brasileiros não ficarão prontas para a Copa. Haverá novo caos aéreo durante os jogos?
Wagner Bittencourt – Não tem caos aéreo no Brasil, e não terá. Serão atendidas as demandas, não só na Copa como no dia a dia dos passageiros. Temos um processo de reestruturação na Infraero e no governo para que sejam feitos os investimentos necessários. Serão R$ 7,2 bilhões nos aeroportos da Infraero até 2014. As pessoas podem ficar tranquilas.
ZH – Esse planejamento inclui os investimentos no Salgado Filho?
Bittencourt – Para o Salgado Filho, temos R$ 700 milhões para o pátio, pista, melhorias e novos terminais. Isso atenderá o movimento da época da Copa. São poucos aeroportos que têm capacidade para crescer, porque muitos já foram cercados pelas cidades. O Salgado Filho tem construções próximas, mas ainda tem uma margem para crescer.
ZH – Quando a neblina deixará de ser problema no aeroporto Salgado Filho?
Bittencourt – O equipamento para operar na neblina (ILS CAT 2) será instalado depois que as obras de ampliação da pista ficarem prontas, o que está previsto para dezembro de 2013. Em seguida, o equipamento é instalado, mas precisa passar por testes do Decea. Ele dá capacidade para pousar com a posição muito baixa de neblina. Não é igual ao CAT 3, que você pode pousar sem teto algum. Teremos uma determinada altura, mas já é suficiente.
ZH – A Infraero tem se mostrado ineficiente. Como garantir que os investimentos vão sair do papel?
Bittencourt – Com gestão. A Infraero teve toda a estrutura alterada, com profissionais em postos-chave vindos do BNDES e do Banco Central. A engenharia está sendo fortalecida. Vamos tornar a Infraero uma empresa competente. Por isso, temos certeza que as obras vão andar no prazo.
ZH – A privatização é a única saída para garantir a modernização?
Bittencourt – É uma alternativa, mas o governo não largou o lápis. Temos investimentos, e o setor está crescendo muito. Desde 2005, cresceu em torno de 12% ao ano. No primeiro semestre de 2011, foi quase 20%.
ZH – Mas o governo consegue manter essa velocidade?
Bittencourt – Sim. Estamos investindo em ações de curto prazo em vários aeroportos – inclusive em Porto Alegre. Já fizemos alguns terminais de embarque.
ZH – São os puxadinhos?
Bittencourt – Por favor, não chame assim. São estruturas que atendem bem à demanda.
ZH – Haverá ajustes no atendimento aos passageiros?
Bittencourt – Há uma ação de melhoria de governança e de gestão. Para isso foi criada a autoridade aeroportuária. Vamos definir metas de atendimentos para todos os agentes que operam no aeroporto, sejam públicos ou privados, companhias aéreas, Polícia Federal, Receita Federal, Infraero e Anvisa. Com metas, vamos melhorar a gestão. Já estamos funcionando assim em Guarulhos, Brasília, Viracopos, Congonhas, Galeão, Santos Dumont e Confins. Com melhores práticas, vamos conseguir aumentar em 30% a capacidade de atendimento com a mesma estrutura que temos hoje nos aeroportos.
ZH – O que garante que não haverá cobrança abusiva de tarifas nos aeroportos
concedidos?
Bittencourt – Não haverá aumento de tarifa. As concessões são para melhorar o atendimento e aumentar a competição. Os aeroportos terão de prestar um serviço melhor. Eles não vão aumentar a tarifa. Com o aumento da capacidade, terão como elevar o número de voos. Dessa forma, você abre espaço para outras companhias aéreas poderem voar mais.
ZH – O Salgado Filho vai entrar no plano de concessões?
Bittencourt – Não está previsto agora.