Dispositivo encontrado tem gravadas informações técnicas da viagem, como a velocidade atingida pelo avião. Equipamento com a conversa entre os pilotos continua desaparecido
Renata Mariz - Correio Braziliense
Por volta das 13h40 de ontem, pelo horário de Brasília, a caixa-preta do Airbus 330 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico durante voo do Rio de Janeiro com destino a Paris, foi retirada do fundo do mar. Considerada uma das peças mais importantes para elucidar os motivos do acidente que matou 216 passageiros e 12 tripulantes em junho de 2009, o cilindro na cor laranja resgatado contém as informações do voo, tais como velocidade, aceleração e desaceleração da aeronave, curvas realizadas e altitude. Além desse equipamento encontrado, chamado tecnicamente de Flight Data Recorder (FDR), há o Cockpit Voice Recorder (CVR), ainda desaparecido entre os destroços, que registra as conversas dos pilotos na cabine. Os trabalhos, a partir de agora, vão se concentrar na localização dessa segunda peça.
Para o comandante Carlos Camacho, diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, o resgate do gravador de voz será mais importante que o do FDR. Isso porque muitas das informações do voo já são conhecidas, por terem sido repassadas, via satélite, para a Air France e para a Airbus ainda durante o trajeto por meio de um equipamento acoplado ao avião chamado Aircraft Communications Adressing and Reporting System (Acars, pela sigla em inglês).
“Claro que os dados contidos na caixa-preta são muito mais completos que aqueles enviados de tempo em tempo pelo Acars às centrais em terra, mas é o gravador de voz que poderá trazer fatos realmente novos às apurações”, defende Camacho.
O especialista acredita que, com a ajuda dos robôs atualmente usados pelo Birô de Investigações e Análises (BEA, pela sigla em francês), não será difícil encontrar os registros de voz.
“É extremamente improvável que esses equipamentos tenham sido destruídos ou danificados. São construídos para suportar condições adversas impensáveis”, afirma Camacho.
Remora 600, o robô submarino que trouxe a caixa-preta submersa a quase 4km da superfície da água, tem 1,2m de altura, 1,7m de largura e pesa 900kg. Utilizada para explorar petróleo, a máquina pode descer 6km no mar. No primeiro mergulho, feito na semana passada, o Remora 600 conseguiu trazer à tona o chassi da caixapreta.
A máquina só começou a ser usada na quinta e atual etapa de resgate dos destroços. Desde que o avião caiu, matando 228 pessoas a bordo, as autoridades francesas empreenderam cinco tentativas de localizar destroços. A primeira, logo depois da queda, teve o apoio da Força Aérea Brasileira e da Marinha, quando 50 corpos foram encontrados e parte da cauda da aeronave.