Com mercado aquecido, aumenta a procura por profissionais de ciências aeronáuticas
Zero Hora
As filas intermináveis nos saguões dos aeroportos já dão a dimensão de que trabalho não falta para quem gosta da área da aviação civil. Com a economia aquecida, as pessoas tendem a viajar mais – a trabalho ou a lazer – e, com isso, aumenta a demanda por profissionais para manter toda a malha aeronáutica funcionando. Para Edson Gaspar, coordenador de aviação civil da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, o setor já vive um momento de franca ascensão, o que tende a crescer com os Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de 2014.
Os profissionais envolvidos nessa máquina trabalham em funções que vão desde planejamento do tráfego aéreo, segurança de voo e administração aeroportuária até a tão cobiçada pilotagem. A maioria dos alunos que procuram o curso, diz Gaspar, quer ser piloto:
– Pilotagem é a opção mais procurada, mas não é a única.
Para ser piloto, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não exige diploma de bacharel em ciências aeronáuticas. Mas, de acordo com Elones Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, o mercado tem privilegiado os egressos de universidades. Atualmente, a PUCRS forma cerca de 20 alunos por ano e recebe 60 novos estudantes a cada vestibular.
– As companhias aéreas vêm aqui buscar nossos alunos – diz Ribeiro, que assinou na semana passada um convênio da PUCRS com a Azul Linhas Aéreas (leia mais à direita).
Mulheres são minoria na profissão
Para pilotar aeronaves, o estudante precisa complementar as aulas teóricas e recebidas em simuladores nas universidades com aulas práticas em aeroclubes.
Apesar dos convênios, essa complementação não é barata. A comissária de voo Sylvia Katheriny Torreta, 22 anos, planeja gastar R$ 70 mil só com aulas práticas para assumir a cabine de comando:
– Há poucas mulheres no mercado. Quero pilotar aviões a jato. Acho legal o desafio.
A catarinense Elisa Rossi, que pilota aviões há 20 anos, é comandante da Gol, única mulher entre os aproximadamente 1,5 mil comandantes da empresa:
– Ainda é um ambiente masculino, mas já foi pior.
Ainda no ramo da pilotagem, além das empresas aéreas, há demanda crescente para pilotos em empresas privadas e de táxi aéreo.
– A cidade de São Paulo detém a segunda maior frota de helicópteros do mundo, perdendo apenas para Nova York – destaca Gaspar.
CIÊNCIAS AERONÁUTICAS
O que faz
- Pilota aeronaves. Também atua em aeroclubes e escolas de aviação, nas instruções teóricas e práticas de voo, e na segurança de voo, em empresas aéreas Remuneração
- Na aviação regular, a remuneração varia de companhia para companhia. Um copiloto recebe em média R$ 6 mil. Na aviação geral (táxi aéreo, aeronaves particulares pequenas), a média é de R$ 1,5 mil. Na aviação agrícola, os pilotos recebem por safra (período de seis meses)
O curso
- Dura três anos e meio. Durante o curso, o aluno deve acumular horas de voo, além da faculdade
Onde estudar
- PUCRS
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem um programa de bolsas para pagar até 75% das horas-aula necessárias para formação prática do piloto. Geralmente, a agência também subsidia as despesas de hospedagem do aluno bolsista na cidade do aeroclube escolhido 1397059140 eles são localizados em vários Estados, entre eles o Rio Grande do Sul. Informações pelo email capacitacao.ger5@anac.gov.br ou pelo (51) 3302-7800.
Convênio da PUCRS com Azul Linhas Aéreas
A Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS e a Azul Linhas Aéreas assinaram convênio na semana passada que irá garantir o ingresso de alunos diplomados pelo curso na segunda fase do processo seletivo de pilotos da companhia aérea. Eles serão dispensados de participar da triagem.
Sendo aprovados nas demais fases, são contratados, por um período mínimo de dois anos, como copilotos da empresa para pilotar jatos modelos Embraer 190 e 195 e turboélice ATR.
Proposta de formação dentro das empresas
Em audiência pública, a Anac propôs, em audiência pública, a criação de centros de instrução de pilotos, certificados pela agência, dentro das empresas aéreas, e a criação de uma nova licença: a de tripulação múltipla. A ideia é permitir que quem deseja ser um piloto profissional possa optar por um caminho diferente, iniciando sua carreira diretamente nas empresas, o que, segundo a agência, garantiria uma formação muito mais especializada e nos padrões de cada companhia. Para isso, bastaria passar na prova teórica de licença de piloto de linha aérea e iniciar o curso. Ao término, o aluno receberia a nova licença, a de piloto de tripulação múltipla, com 240 horas de voo.
Qualquer cidadão poderá enviar sua contribuição na audiência pública até as 18h de 17 de janeiro, pelo site www.anac.gov.br/transparencia/audienciaspublicas.asp. A intenção é que o regulamento entre em vigor no segundo trimestre de 2011.