Confins registra atrasos em quase 50% dos voos no terceiro dia de transtornos. Mau tempo interrompeu pousos e decolagens. No país, 19% das viagens ocorreram fora do horário

Estado de Minas

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, viveu ontem o terceiro dia consecutivo de caos em função das chuvas. Ate as 19h, 48 (46,2%) do total de 104 voos domésticos programados tiveram atrasos de mais de 30 minutos, segundo informações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). A capital teve o maior número de voos com atraso no país e superou até mesmo o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que teve 35 voos atrasados (19,3% do total) até as 19h de ontem.

 
Dos 2.109 voos domésticos programados em todo o país até às 19h, 16% (337) registraram atrasos superiores a 30 minutos, segundo informou a Infraero. O aeroporto de Confins operou por instrumentos para pouso e decolagem das 9h22 às 10h27, Às 13h59, os pousos foram suspensos novamente e as decolagens passaram a ser por instrumentos.

 
O drama da educadora Mair Lucursi, de 30 anos, que viajava com mais cinco pessoas do Rio de Janeiro para Uberlândia, Triângulo Mineiro, começou às 23h50 de segunda-feira. O avião não conseguiu pousar em Uberlândia, devido a uma neblina forte, e a aeronave retornou para Belo Horizonte, no início da madrugada de ontem. 


"A empresa nos levou para um hotel e às 6h da manhã nos buscou para pegar o vôo das 8h. A gente passou pelo check-in, mas o vôo foi cancelado e remarcado para o meio-dia. Depois, foi novamente adiado para as 14h", disse Mair.
 
A empresa ofereceu café da manhã, lanche e almoço. O avô de Mair, de 90 anos, e o filho, de 2, não disfarçava o cansaço, diante de tanta espera. "A gente não conseguiu dormir nem três horas", reclamou a educadora. No Rio de Janeiro, segundo ela, o vôo também atrasou 40 minutos devido a uma forte chuva. Para a educadora, essa foi a viagem mais demorada da sua vida. "O problema é que a gente tem que ficar aqui, esperando, sem ter o que fazer, sem descansar", disse ela.

 
24 horas viajando 


A auditora Cláudia Moreira, de 40, seu marido e o filho de 11 anos também não conseguiram embarcar para Brasília (DF), onde moram. Eles chegaram em Confins às 4h da madrugada e foram avisados pelo comandante da aeronave que retornariam ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, de onde partiram. 

"O avião ainda sobrevoou Belo Horizonte por 20 minutos, para ver se tinha jeito de pousar, mas tivemos que voltar para o Rio de Janeiro e esperar até 8h da manhã para decolar de novo", disse Cláudia, que perdeu um outro voo para Brasília, que partiu às 7h de Confins. "Eu deveria ter chegado a Brasília às 8h30, mas já são 11h e ainda estou em Belo Horizonte. Estou desesperada para chegar em casa, pois estou fora há 17 dias", disse a auditora, que voltava de Orlando, Estados Unidos. "Estou viajando há quase 24 horas, sem dormir e comer direito", reclamou.
 
A autônoma Márcia Aguiar, de 47, que viajava de férias para Florianópolis (SC) com os filhos de 8 e 14 anos, também ficou desanimada ao saber que seu voo, previsto para às 10h42, também tinha sido cancelado. "Disseram que o avião que a gente embarcaria não conseguiu pousar em Confins e que não havia nenhuma outra aeronave em solo. Vão acomodar a gente em outro voo, mas sem previsão de quando será", disse Márcia, preocupada com a conexão que faria às 13h, em São Paulo.

 
Fiscalização
 

A Webjet informou, em nota à imprensa, que os problemas meteorológicos na região Sul e Sudeste no final de semana, aliado ao fechamento dos aeroportos Santos Dumont (RJ) na noite de segunda-feira, e Confins (MG), na manhã de ontem, provocaram atrasos e cancelamentos acima da média nos voos. Segundo a Webjet, os atrasos provocados pela meteorologia, além de prejudicar a malha aérea, comprometem também a escala da tripulação, que precisa ter seu tempo de descanso regulamentar respeitado.
 
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que conta com 150 inspetores nos 11 principais aeroportos do país para fiscalizar o cumprimento da resolução 141, que amplia direitos dos passageiros em voos atrasados, cancelados ou com impedimento de embarque por necessidade de troca de aeronave ou overbooking (vender mais bilhetes do que o disponível na aeronave com base na média de desistência dos vôos anteriores).

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