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Caos aéreo chega perto do fim na Europa

Após erupções de vulcão diminuírem, companhias pedem aos governos da UE auxílio contra prejuízo econômico estimado em US$ 1,7 bilhão

Andrei Netto, correspondente em Paris - O Estado de S.Paulo

Exatos sete dias após o início do caos nos aeroportos causado pelas erupções do vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia, a Europa respirou aliviada ontem, com a retomada de 80% dos voos previstos para uma quarta-feira comum.

A perspectiva era ainda mais otimista para o transporte aéreo de hoje, quando quase 100% dos 28 mil voos devem ser realizados, segundo a Organização Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol).

O número de decolagens realizadas ontem superou até mesmo os prognósticos mais otimistas das autoridades. Com a redução das erupções na Islândia, combinada com a inversão da direção dos ventos, a nuvem de cinzas que pairava sobre a atmosfera da Europa perdeu densidade, permitindo a reabertura progressiva do espaço aéreo.

Ontem, as maiores restrições ocorreram em aeroportos da Finlândia e no norte da Escócia. Em contrapartida, entroncamentos importantes para a fluidez do tráfego, como Londres, Paris, Frankfurt e Amsterdã, abriram pela manhã, facilitando a reorganização dos voos de longa duração, que eram a prioridade das maiores companhias aéreas.

Todos os 338 voos transatlânticos realizados em direção à Europa puderam aterrissar ao longo do dia. A perspectiva, entretanto, é de que o transporte dos mais de 7 milhões de passageiros prejudicados pela crise se estenda pelos próximos dias.

"Prevemos que quase 100% do tráfego aéreo seja garantido nesta quinta-feira", afirmou Brian Flynn, coordenador de operações do Eurocontrol. Em Paris, passageiros da TAM com tíquetes para domingo e segunda-feira foram convidados a comparecer no Aeroporto Internacional Charles de Gaulle.

Se diminuiu de intensidade, a crise do transporte europeu não deixou de causar prejuízo. Com as anulações de ontem, o número de decolagens canceladas ultrapassou a barreira de 100 mil, elevando o prejuízo das companhias a US$ 1,7 bilhão, segundo cálculos da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA). Em pronunciamento na manhã de ontem, o diretor-presidente da associação, Giovanni Bisignani, aproveitou a oportunidade para pedir aos governos do bloco "que assumam suas responsabilidades".

Colocando-se como vítimas de "um ato de Deus contra o qual não podíamos fazer nada", a IATA pediu o socorro financeiro de Bruxelas. "Sou o primeiro a dizer que a indústria não deve depender de subvenções", argumentou Bisignani. "Mas o que aconteceu é excepcional."

Além de estudar o pedido de ajuda da IATA, os ministros de Transportes da UE devem reforçar nas próximas semanas as atribuições do Eurocontrol, dando à organização a autoridade máxima para controlar o tráfego aéreo nos céus do continente.

Empresas pedem subsídios oficiais como compensação

Jamil Chade - O Estado de S.Paulo

A nuvem de cinzas que parou a Europa pode levar à falência algumas pequenas empresas aéreas. Segundo o diretor-geral da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), Giovanni Bisignani, "a crise afetou 29% da indústria de aviação e 1,2 milhão de passageiros por dia de paralisação."

"Essa crise foi maior do que as perdas que tivemos com os ataques terroristas de 11 de Setembro (de 2001) quando o espaço aéreo americano esteve fechado durante três dias", disse.

O diretor também afirmou que agora é preciso buscar fórmulas para mitigar os efeitos econômicos da crise provocada pelo vulcão. Além disso, ressaltou que se deve discutir o tema de indenizações estatais às empresas privadas que foram afetadas. "Sou o primeiro a dizer que a indústria não deve depender de subvenções. Mas o que ocorreu é uma situação extraordinária", disse Bisignani.

Após o 11 de Setembro, o governo americano distribuiu US$ 5 bilhões para sua indústria e a UE autorizou governos nacionais a dar recursos para suas empresas.

Enquanto isso, os agricultores aproveitam para insistir que também precisam de subsídios para enfrentar situações como essa.

A Sociedade Europeia de Vulcanologia estima que o impacto econômico do fenômeno na Islândia já é o maior registrado pelos especialistas. "Outros vulcões tiveram um impacto mais devastador, mas em locais mais concentrados. Dessa vez, estamos vendo um impacto generalizado", disse o presidente da sociedade, Henry Gaudru.

"Paradoxalmente, essa foi uma explosão modesta. O problema é a região que foi atingida", disse. Os fazendeiro europeus usam o vulcão para insistir que os subsídios por anos criticados pelo Brasil à agricultura não podem ser reduzidos. Na área da Islândia atingida pelas cinzas houve perdas de até 15% na pepcuária. A produção de leite também foi afetada.

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