Alex Ribeiro, de Washington - Valor
O transporte de passageiros em voos entre o Brasil e os Estados Unidos deverá crescer uma média de 7% anuais até 2030, de acordo com projeções divulgadas ontem pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), a agência que regula a aviação civil americana. Se confirmada, a taxa de expansão irá superar a do conjunto de países da América Latina, cujo avanço anual é calculado em 4,3%. O Brasil chegará também muito perto de China, Taiwan e India, que deverão apresentar taxa de crescimento perto de 8%.
O forte crescimento do mercado brasileiro despertou o interesse de companhias americanas. Recentemente, a US Airways anunciou que negocia um acordo com a Delta Airlines para ter acesso a "slots", ou direitos de pouso e decolagem, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. "Estamos trabalhando duro para servir São Paulo", disse ao Valor o presidente da US Airways, Scott Kirby, que participou ontem de um congresso da FAA sobre projeções para o mercado de aviação em Washington.
Pelos entendimentos entre as companhias, a US Airways abriria mão de "slots" no aeroporto La Guardia, em Nova York, em favor da Delta. Em troca, a US Airways receberia da Delta "slots" no aeroporto Ronald Reagan, em Washington, e em Guarulhos. O acordo ainda não foi levado adiante porque o Departamento de Transportes americano declarou que o negócio poderá levar a menos competição na aviação dos Estados Unidos e, por isso, exigiu que as companhias ofereçam parte dos "slots" a empresas concorrentes.
Segundo Kirby, a US Airways e a Delta ainda não desistiram do negócio. Em 2009, a US Airways iniciou a operação de um voo entre o Rio de Janeiro e Charlotte, na Carolina do Norte. "Estamos muitos animados com a possibilidade de voar para São Paulo, já que o Brasil é uma economia grande que cresce rapidamente". Segundo ele, o interesse de operar no Brasil é antigo, mas os planos não foram concretizados antes porque não havia "slots" disponíveis.
"Esse não é o melhor momento para iniciar um novo voo, já que estamos no meio de uma recessão", disse o presidente da US Airways. "Mas esse mercado (o Brasil) é bastante restrito, e essa foi a primeira vez em que tivemos um ´slot´ disponível."
O relatório da FAA diz que a aviação americana passou em 2009 por sua pior crise desde 1929, com uma queda de 7,3% no número de passageiros em relação a 2008, devido à combinação de uma severa recessão, que diminuiu a demanda tanto de viajantes de negócio quanto de turistas, com o alarme em torno da gripe suína, em fins do ano passado.
O número de passageiros transportados entre os Estados Unidos e outros paises recuou 4,7% em 2009 em relação ao ano anterior. Para 2010, porém, a expectativa é um avanço de 3,3%, puxado pela recuperação mundial, sobretudo em economias em desenvolvimento. "Já existe uma recuperação em curso nos voos para a Ásia e o Pacífico", disse em um dos painéis de discussão o diretor comercial da Virgin Atlantic Airways, Edmond Rose.
Em 2011, a expectativa é que a recuperação econômica faça a aviação entre Estados Unidos e outros países crescer 5%. Nos anos seguintes, a taxa de expansão se acomodaria na média anual de 4,2%. A Ásia cresceria mais do que a média, com avanço de 5,1%, dos quais 7,9% na China e 8% na Índia. O México, hoje o mais importante mercado para os Estados Unidos na América Latina, avançaria uma média de 4,1% até 2030.
As companhias aéreas e o governo americano esperam ampliar sua presença internacional, em parte, com acordos para a "abertura dos céus", ou seja, autorizações para que companhias de um país voem em outros países. Em 2007, os americanos assinaram um acordo do gênero com a União Europeia. "Estamos buscando acordos bilaterais com países que tem uma postura mais liberal ", disse o secretário-executivo para assuntos de transportes do Departamento de Estado, John Byerly.
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