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Redução de tempo e dinheiro

Passageiros aprovam a nova opção de ida e volta aos Estados Unidos, sem escalas, oferecida pela Delta Air Line. O Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek sente a diferença com uma rotina mais agitada

ANA CLARA BRANT
LEILANE MENEZES - Correio Braziliense

Desde 18 de dezembro último, por volta das 22h de todas as terças, sextas e domingos, o Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek vivencia uma rotina ainda mais agitada. Um grande contingente de passageiros se aglomera nos balcões da mais nova companhia aérea que desembarcou na cidade: a Delta Air Lines. A empresa norte-americana passou a oferecer um voo direto de Brasília para Atlanta, cidade considerada atualmente o maior hub (centro de distribuição de voos) do planeta.

Segundo os funcionários da companhia, os voos (com capacidade para 170 pessoas, sendo 15 de classe executiva) têm ficado sempre lotados, mas boa parte dos passageiros não têm em Atlanta o destino final. O consultor Flávio Mesquita da Silva, 54 anos, vai pelo menos três vezes por ano aos Estados Unidos e só tem a comemorar a nova opção de viagem. Antes, ele teria de se deslocar para o Rio de Janeiro ou São Paulo para voar para terras norte-americanas. "Eu vou para São Francisco e, chegando lá, em Atlanta, pego uma conexão e pronto. O melhor de tudo é a volta. Porque, geralmente, a gente chega no Galeão ou Guarulhos e fica horas esperando por um outro avião para chegar a Brasília. Agora, a gente volta direto para casa", destaca.
 
A Delta Air Lines faz um balanço positivo das duas primeiras semanas de atividades. "Os resultados iniciais mostram que o voo funcionou muito bem. Estamos satisfeitos com a aceitação e esperamos ansiosamente pela oportunidade de aumentar o serviço", informou o gerente-geral da comunicação corporativa da empresa na América Latina e Caribe, Carlos Santos. De acordo com o executivo, a nova parada faz parte dos planos de expansão internacional da Delta Air Lines.
 
"Esperávamos a oportunidade de voar direto de Brasília para os Estados Unidos há muito tempo porque seríamos os primeiros e, afinal, é a capital do país. O voo para Atlanta abre portas para um novo caminho. Esperamos que isso resulte em mais lazer, negócios e facilidade no tráfego entre os governos dos dois países", declarou. A Delta Air Lines tem a intenção de abrir novas rotas com saída de Brasília para o exterior. Mas não revela o andamento das negociações. "Seria uma oportunidade muito bemvinda", limitou-se a dizer.

As passagens para Atlanta custam por volta de U$ 2 mil em alta temporada. Mas, mesmo com o valor elevado, um voo direto para Brasília representa economia, na opinião da estudante Karena Rigby, 30 anos, que desembarcou na manhã de domingo último na cidade. Ela mora em Saint Louis, nos Estados Unidos, e veio visitar as primas no DF. "Antes eu vinha por São Paulo e depois para Brasília. Dessa vez economizei quase metade do meu dinheiro. Ainda vou para Belo Horizonte e ao Pará, visitar meus pais, e saindo daqui fica mais em conta. Para completar, usei as milhas do cartão. Fiquei muito satisfeita com essa nova trajetória", afirmou Karena. A família da médica Eneida Viana, 40 anos, moradora do Sudoeste, aprovou os aviões da Delta Airlines. Eles foram a Atlanta a passeio. "O serviço de bordo é razoável e a viagem foi tranquila. Facilita muito vir direto para Brasília", disse Eneida, que voltava ontem dos Estados Unidos com os filhos Mateus, 9, e Beatriz, 11, e o marido Aquiles. Mas nem todos os passageiros do voo de domingo estavam satisfeitos. Os advogados Antonio Pomeu, 30, e Doris Pina, 54, reclamaram das condições físicas das aeronaves. "Na ida, pingava água dentro do avião. Nossas malas foram extraviadas. Mas a companhia foi gentil e entregou a bagagem no hotel", disse Doris. "Além disso, os aviões de ida eram muito velhos. Na volta melhorou um pouco, mas demorou para sair por conta de um problema técnico", completou Antonio.

Novos clientes

Além de Brasília, a Delta Air Lines opera essa mesma rota em São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. Um dos objetivos da empresa em oferecer o voo direto da capital federal é atrair clientes de alguns estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste e de Minas Gerais. Esse é o caso da baiana Telma Andrade, 40 anos, e do marido, o português Fernando Brito, 50, que, junto dos quatro filhos, saíram de Salvador com destino a Brasília para embarcar no voo da Delta para Atlanta. De lá, eles seguiriam para as Bahamas. "No nosso caso, pegamos esse voo porque não conseguimos mais nenhum para os Estados Unidos, já que Salvador mesmo tem voos diretos para lá. Mas não deixa de ser uma opção", concluiu Telma.

Na terça-feira última, dia em que a reportagem do Correio foi até o Aeroporto Juscelino Kubitschek, um grupo de 23 pessoas vindas dos Estados Unidos, República Dominicana e Espanha, retornava a Atlanta pela Delta Airlines. Todos eles vieram para Brasília no voo inaugural da empresa, realizado no dia 17 de dezembro, e estavam no Brasil para participar de um trabalho humanitário da Igreja Adventista do 7º Dia. O casal de norte-americanos Bob, 63, e Linda Ritzenthalen, 62 anos, que mora em Michigan, e cujo filho mora em Campo Grande (MS), estava bastante satisfeito com a nova alternativa de voo, que facilitaria mais a vinda ao Brasil. "Brasília é mais perto de Campo Grande do que o Rio ou São Paulo. Além do mais, adoramos conhecer a capital do Brasil. O voo foi muito tranquilo, serviram comida brasileira no avião e ocorreu tudo perfeito. Gostamos bastante de fazer parte do voo inaugural", disse Bob.

Para a Europa, 10 mil passageiros por mês

O novo voo da Delta Air Lines é a quinta opção de viagem internacional com saída do aeroporto da capital federal. A primeira a oferecer voos diretos foi a TAP, que vai para Portugal desde 2007. A aeronave decola cinco vezes por semana. O número de voos de Lisboa para Brasília é o mesmo. O Airbus A330, utilizado pela empresa para o trecho BrasíliaLisboa, tem capacidade para transportar 259 pessoas e é o avião comercial de passageiros de maior capacidade de operação para médias e longas distâncias fabricado pela Airbus. Por mês, em média, 10 mil pessoas fazem o trajeto Brasília/Portugal, nos dois sentidos.

Pela Gol, é possível ir do Aeroporto Internacional de Brasília para Curaçao, no Caribe, a passagem custa, em média, R$ 1,2 mil. A mesma empresa oferece transporte aéreo para Córdoba, na Argentina, por volta de R$ 600, e Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, a partir de R$ 300. As viagens para o exterior costumam ser concorridas em todas as épocas do ano, especialmente em dezembro, janeiro e julho.

Em 2007, o governo do DF, por meio da Secretaria de Turismo, tentou negociar com a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e com a companhia aérea TAM a inauguração de vôos semanais para Nova York. A tentativa acabou não saindo do papel. O brasiliense não deve ter novas rotas de viagem internacional tão cedo. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), responsável pelas permissões, informou que não há nenhum pedido em análise para inauguração de voos internacionais com saída de Brasília.

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