Artefato é capaz de causar danos graves aos motores dos aviões
Marcela Spinosa e Marici Capitelli – O Estado de São Paulo
O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, por onde circularam mais de 20 milhões de pessoas no ano passado, é líder no ranking de ocorrências com balões entre os seis principais aeroportos do País. Dados da Infraero, disponíveis no site do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), apontam que, entre 2005 e 2008, 323 balões foram vistos e recolhidos naquele aeroporto. Até maio deste ano, 15 caíram dentro de Cumbica, de um total de 39 avistados nas imediações. Em segundo vem o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, que registrou nos últimos quatro anos 131 ocorrências dessa natureza.
Os perigos de incêndio e colisão com aeronaves aumentam nesta época por causa das festas juninas. Embora seja crime, estão na ativa cerca de 5 mil equipes de baloeiros em São Paulo, além de pessoas que atuam sozinhas, segundo integrantes dos clubes.
Quando um balão é avistado, o Centro de Operações de Emergências (COE) da Infraero aciona a Torre de Controle - que avisa os pilotos -, a Seção Contra Incêndio, Bombeiros e equipes de segurança e de operações. O COE também avisa a Polícia Militar, responsável por prender os baloeiros. A Infraero não quis comentar o assunto, alegando que o problema envolve outros setores.
Ano passado, 70 balões foram avistados na área de Guarulhos. Desses, 29 caíram no interior do aeroporto. Nenhuma das ocorrências registradas nesse período causou danos ou interferências nas operações.
Para o diretor de Segurança de Voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, os balões representam um grande perigo. "Se eles fossem só feitos de papel, seriam absorvidos pela aeronave, mas o problema é que têm muitos penduricalhos e até botijões de gás de 13 quilos pendurados e armação toda de metal."
O diretor de segurança explica que, se um balão se chocar contra uma aeronave, a cabine de comando pode explodir e o motor, ser danificado. "O impacto é muito forte."
O piloto Ricardo D?Amori disse que já desviou de balões durante um voo. "Nunca tive grandes problemas. A gente desvia e informa a torre de controle para que os outros pilotos sejam avisados sobre a interferência."
A Sociedade Amigos do Balão acredita que se a prática fosse regulamentada, as ocorrências cairiam. Isso porque, segundo a entidade, antes da lei que tornou crime soltar balão, as pessoas iam em lojas especializadas e recebiam informações sobre como fazer um balão seguro.
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