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Airbus e Boeing tentam salvar encomendas

No maior evento do mundial do setor, concorrentes deixam de lado a corrida por novos contratos

Daniel Michaels, The Wall Street Journal, de Paris

A Airbus e a Boeing estão dando uma parada na competição por novos contratos de jatos para se concentrar numa questão mais urgente: salvar os pedidos de compra já recebidos e agora ameaçados pela crise econômica.

Os dois fabricantes de aviões normalmente usam o Paris Air Show, aberto esta semana, para promover novas vendas. Mas as empresas aéreas, que enfrentam a queda na demanda dos passageiros e problemas nos financiamentos das aquisições, estão fazendo poucos novos pedidos e pressionando a Boeing e a Airbus a adiar ou cancelar ordens feitas há alguns anos.

As duas rivais lutam para manter a produção constante e evitar grandes oscilações, que são custosas, dificultam o planejamento e podem levar a corte de empregos. "A prioridade é garantir os pedidos que temos e transformá-los em entregas", disse o diretor-presidente da Airbus, Tom Enders, ao "Wall Street Journal". Os clientes pagam apenas uma fração do preço ao fazer o pedido, ficando a maior fatia para próximo da entrega.

Depois de três anos de recordes nos pedidos, disse Enders, os novos contratos são um termômetro da saúde das empresas aéreas - não uma necessidade. "Os novos pedidos, nos dias atuais, têm mais importância psicológica", acrescentou.

A Airbus, unidade da EADS), anunciou ontem a assinatura do único grande contrato do salão até o momento, um pedido de 24 jatos A320 feito pela Qatar Airways e com preço de tabela de US$ 1,9 bilhão.

A Vietnam Airlines informou que espera anunciar contrato de US$ 1,9 bilhão esta semana para a compra de dois A350 de grande autonomia de voo e 16 modelos A321, para voos de média distância.

Mas executivos tanto da Boeing quanto da Airbus dizem que o anúncio de contratos esconde esforços menos visíveis das empresas para ajudar os clientes atuais. As duas acumularam, nos últimos anos, uma lista recorde de pedidos equivalente a cerca de oito anos de produção, considerando os níveis recentes.

Há pouco tempo, no entanto, muitos clientes que deveriam receber seus aviões em breve pediram o adiamento das entregas. Se os fabricantes não concordarem, correm o risco de produzir aviões que as companhias aéreas não podem pagar, mas acomodar clientes também pode levar a lacunas de produção. Por isso, a Boeing e a Airbus têm refeito os calendários de entrega para atender às empresas aéreas mais fortes em primeiro lugar. Elas querem ganhar tempo para os clientes mais fracos, na esperança de que ainda precisarão de aviões quando as condições econômicas melhorarem.

"Preservar nossa carteira de pedidos este ano é uma questão muito mais importante do que superarmos a Airbus em número de pedidos em determinada semana", disse Scott Carson, diretorpresidente da divisão de aviões comerciais da Boeing. "A importância de nossa carteira de pedidos estará na entrega, não na geração de novas ordens."

A Boeing conseguiu este ano um total bruto de 73 pedidos de aviões e 66 cancelamentos, com um saldo de 7 novos pedidos. A Airbus, por sua vez, teve um total bruto de 32 pedidos e 21 cancelamentos entre janeiro e maio, com um saldo de 11 novos pedidos. No ano passado, a Airbus teve 777 pedidos líquidos e a Boeing, 662. As duas empresas reduziram a produção nos últimos meses e informaram que podem cortar ainda mais, dependendo das condições do mercado, como volume de tráfego aéreo e disponibilidade de crédito.

Nenhuma das fabricantes quer cortar a produção de forma drástica, por causa dos custos associados à demissão de funcionários e ociosidade dos equipamentos. Os fornecedores, que têm uma participação cada vez maior no projeto, construção e financiamento do desenvolvimento de aviões, também sofrem com o corte de produção.

 

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