Em busca de receita extra, aéreas americanas cobram à parte por quase tudo do passageiro
JOSÉ SERGIO OSSE
Passaporte, cartão de embarque e... dólares, muitos dólares. Quem viaja pelas companhias aéreas americanas atualmente deve estar preparado para gastar, a bordo (ou antes mesmo de entrar no avião) com mínimos confortos que se acostumou a receber gratuitamente. É esta a nova realidade da aviação por lá desde que, no primeiro semestre, o preço do petróleo decolou a mais de US$ 150 e pressionou como nunca os custos das empresas. A cotação do óleo já caiu de novo a cerca de um terço do valor anterior, mas a ânsia arrecadadora ficou. Confira o menu de algumas delas: despachar uma segunda mala na United Airlines custa US$ 25; escolher assento na janela ou no corredor na US Airways, US$ 5; beber um refrigerante na mesma companhia, US$ 2; conseguir um upgrade, em pleno vôo, da classe econômica para a executiva na AirTran, de US$ 49 a US$ 99.
A busca desesperada por receita extra é o que move a criatividade arrecadadora das companhias. Segundo dados do Escritório de Estatísticas do Transporte dos EUA, nos oito primeiros meses deste ano, o tráfego doméstico no país caiu 2,1% em relação ao mesmo período de 2007. Apenas em agosto, ante igual mês do ano passado, essa retração foi de 6,1%.
Como aumentar o preço das passagens apenas afastava mais os passageiros, a primeira opção das empresas foi o mais tradicional corte de gastos - mas era preciso fazer dinheiro novo.
A primeira a adotar uma idéia inovadora foi a United Airlines. No segundo trimestre do ano, ela passou a cobrar a taxa pela segunda mala despachada em vôos domésticos. Rapidamente, o setor copiou a iniciativa. A American Airlines, em maio, foi um passo além e passou a cobrar uma taxa pela primeira mala despachada. Também foi copiada. A partir daí, a porta estava escancarada e vale colocar preço em quase tudo. A Delta, por exemplo, cobra por refeições quentes (na passagem está incluso só o snack), bebidas, fones de ouvido e filmes nos canais de bordo. E como a previsão da Associação Internacional do Transporte Aéreo é de que as empresas aéreas do mundo irão amargar um prejuízo - mesmo com o petróleo em queda - de US$ 5,2 bilhões neste ano, provavelmente essas mudanças vieram para ficar.