Empresa divulga comunicado sobre risco de reduzir entregas de aviões em 2009, devido a restrições de crédito



Hernane Lélis
São José dos Campos

O anúncio de demissões em diversos setores da indústria provocou um clima de instabilidade na região. Depois das montadoras de automóveis, agora é a vez do setor aeroespacial, em especial a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), de São José dos Campos, demonstrar que também está sentido os impactos da restrição ao crédito. A divulgação de um boletim interno na fábrica está preocupando o sindicato da categoria.

A Embraer informou aos mais de 20 mil funcionários, por meio de um comunicado interno assinado pelo presidente Frederico Fleury Curado, que a diretoria está acompanhando o desenrolar da crise mundial e que poderá sofrer uma redução no número de entregas de aeronaves previstas para 2009.

O anúncio para os funcionários foi feito na última sexta-feira. A empresa informou no comunicado que está diante de uma situação nunca vista antes no país. E que o mercado de transporte aéreo, tanto na aviação comercial quanto na executiva, é muito dependente da disponibilidade de crédito.

"Com a atual restrição de crédito, os clientes vem enfrentando enormes dificuldades para assegurar os fundos necessários para pagar e receber seus aviões. Estamos trabalhando da melhor forma possível para minimizar os efeitos da crise em nossa empresa", diz trecho do comunicado.

Curado afirma no documento que já em 2009 a Embraer sofrerá uma redução nas entregas dos jatos 170/190, no Legacy 600 e também no ERJ 145. O comunicado também afirma reduzir o ritmo previsto no Phenom.

RISCO DE CORTES - Para Ivan Trevisan, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, a crise não está afetando com tanta intensidade o setor aeroespacial. A preocupação do sindicalista é com as demissões que podem ocorrer no início de 2009.

"O boletim não deixou claro o que está sendo planejado pela Embraer. No ano que vem, eles esperavam fabricar de 315 a 350 aviões, agora eles falam que esse número deve cair para 270. Eu acho que pode haver demissões", disse.

A Embraer confirmou que a expectativa para o ano de 2009 era entregar cerca de 315 a 350 aeronaves. A análise foi feita em um estudo a longo prazo divulgado no dia 14 de novembro de 2007.

Em 7 de novembro deste ano, a empresa divulgou novos números e a intenção de entregar mais de 300 jatos para os mercados de aviação comercial, executiva, defesa e governo caiu para 270.

A Embraer não confirmou se a redução nas entregas, divulgadas no boletim, seriam em cima dessa nova expectativa e não comentou sobre qualquer assunto que diga respeito às relações de trabalho.

IMPACTOS - Considerado um dos principais pilares da economia da cidade, o setor de aviação começou agora a sentir os efeitos da recessão econômica. A Graúna Aerospace, fornecedora da Embraer, demitiu na última terça-feira, 60 funcionários de sua unidade de Caçapava.

A Graúna informou ao sindicato que as demissões foram provocadas em função da crise da economia mundial, que já está afetando o setor.

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