Aumento do querosene começa a inviabilizar preços promocionais. Passagens já estão 16,28% mais caras




Geórgea Choucair


A guerra de tarifas entre as companhias de Aviação está fora do ar. O consumidor que esperar por preços promocionais para viajar de avião vai precisar de paciência ou contar com a sorte de alguma estratégia-relâmpago. As empresas aéreas pisaram no freio nas promoções de passagens e não têm programado no curto prazo nenhuma nova campanha. O motivo é a alta no preço do querosene de Aviação, que já acumula reajuste de 38,38% de janeiro a agosto deste ano, segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea). Com isso, os preços de pechincha das passagens de avião voaram pelos ares. Vale lembrar que, em diversas situações nos últimos anos, o valor cobrado pelo bilhete aéreo chegou a ficar mais baixo do que o do transporte rodoviário.

O preço das passagens aéreas subiu 16,28% de janeiro a julho deste ano, segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A alta só não foi maior em função da queda do dólar (que tem forte impacto nos custos das companhias) e do cenário de demanda aquecida por passagens aéreas. Nos primeiros sete meses do ano, o fluxo de passageiros transportados no mercado doméstico brasileiro acumula expansão de 10%, com aumento da oferta de assentos de 14,5%, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). De janeiro a julho, o fluxo de passageiros transportados ao exterior acumula alta de 37,6%, com 27,2% a mais de assentos oferecidos nas aeronaves. O aproveitamento médio dos aviões nos vôos internacionais foi de 70% no período, o que representou aumento de cinco pontos percentuais na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo cálculos da Tendências Consultoria, o custo de operação das aeronaves subiu 23,5% no país em julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2007. O levantamento leva em conta o preço do combustível, o custo da mão-de-obra e a variação do câmbio. Em julho de 2007, esse custo tinha subido 7,6% em relação ao mesmo mês do ano anterior. “O gasto para colocar o avião no ar está muito elevado, e acaba sendo repassado para o preço das passagens aéreas. Pode ser que as promoções só voltem com a entrada no mercado da nova companhia aérea, a Azul”, afirma a economista Amaryllis Romano, analista do setor de Aviação da Tendências Consultoria.

A Azul já tem a autorização da Anac para iniciar suas operações e precisa agora conquistar o Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta). A empresa pretende alçar vôo no país entre o final deste ano e início de 2009, chegando a 25 aeroportos atendidos em todo o Brasil. Nos primeiros meses de operação, a Azul tem como meta transportar 50 mil passageiros. A companhia aérea pretende firmar parcerias comerciais com empresas nacionais e internacionais. O objetivo é usar frota mais econômica, de forma a ficar menos suscetível a grandes alterações nos preços do petróleo. A Azul pertence ao investidor David Neeleman, que, nos Estados Unidos, fundou a empresa de baixo custo Jet Blue.

A Petrobras elevou em 0,79% o preço do querosene de Aviação em agosto. No mesmo período do ano passado, o querosene acumulava alta de 0,5% no ano até agosto, segundo o Snea. Com a alta do preço do petróleo, o custo dos combustíveis subiu para 40% das despesas totais das companhias aéreas, segundo o Snea.

HÁBITO

O casal Cristiano Fonseca e Tatiane Neves viajou para Arraial d’ Ajuda (BA) no sábado. Fonseca é engenheiro e viaja sempre de avião. Nas vezes em que vai a trabalho, não sente no bolso a alta do preço das passagens. “Mas tenho notado que o preço dos bilhetes subiu, de forma geral. Talvez algumas regras tenham sido estipuladas em função do caos aéreo. As promoções agora são mais raras. Quando acontecem, sinto que é para o passageiro não perder o hábito de viajar de avião”, afirma.

Fonseca conta que a última passagem de promoção que conseguiu comprar foi no carnaval deste ano, de Belo Horizonte para Salvador (BA). Pagou R$ 300 pela ida e volta. Hoje, o trecho mais barato encontrado para apenas a rota de ida (ou volta) é oferecido pela Gol, que sai por R$ 209. Em outras companhias, como a Varig, o preço mais barato é R$ 442.

O aposentado Raymundo Guerzoni viaja com freqüência de avião, já que tem uma filha que mora em Goiás. “Os preços das passagens estão muito altos e as promoções são poucas, em função da baixa concorrência. Precisamos de mais companhias aéreas no país e novos trechos. Para Goiânia (GO), por exemplo, não temos vôo direto de Confins”, afirma. Quando consegue promoções, esbarra em limitações. “Já comprei passagem, não pude ir na data e perdi o bilhete.”

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