BRASÍLIA - O relatório da auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) "lavou a alma" dos controladores de vôo, segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção aos Vôos, Jorge Botelho. "Agora, ninguém mais vai poder dizer que nós estávamos mentindo e sabotando equipamentos", afirmou Botelho. "Estamos de alma lavada."
Ele disse que muitas das falhas - operacionais, de manutenção e de funcionalidade existentes no sistema de controle de tráfego aéreo e indicadas pelo TCU - já haviam sido apontadas pelo sindicato no passado. "Em 1994, apresentamos diversas falhas para o comando da Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo, antecessor do Decea, e fico abismado de ver que muitas continuam até hoje."
Ele refutou críticas de que o relatório teria sua credibilidade abalada pelo fato de alguns dos auditores do TCU serem ex-controladores de vôo. "Se querem desqualificar os auditores, então vamos desclassificar a eles (Decea), pois o Decea não tem idoneidade para dizer que o sistema é perfeito."
Botelho destacou que a Atech, empresa contratada pela Aeronáutica para fazer a manutenção dos equipamentos, reconhece, no relatório, a existência de uma série de falhas. "A Atech diz no relatório que tem problemas. E fica patente que o comando do Decea não cobrava da empresa o cumprimento do contrato. Eles tinham prazos para reparar os equipamentos, não cumpriam e ninguém controlava."
Na avaliação de Botelho, a recente liberação, pelo Congresso, de R$ 153 milhões para o Ministério da Defesa adequar o parque tecnológico e a capacidade de monitoramento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (Sisceab) é um indicador de que os problemas apontados pelo TCU são graves. "Se estivesse tudo ótimo, não precisaria desse investimento."