Patrícia Nakamura
O Federal Aviation Administration (FAA) determinou que as aeronaves ERJ-135 e ERJ-145 - produzidas pela Embraer - em operação nos Estados Unidos sejam inspecionadas em busca de fissuras na fuselagem. A medida atinge 624 jatos, que devem passar por inspeção nos próximos seis meses a partir de 2 de janeiro ou antes que eles atinjam um total de 22 mil decolagens e aterrissagens. Os aviões poderão operar normalmente.
A fiscalização foi ordenada em 29 de novembro. Rachaduras foram detectadas pela própria Embraer durante testes de fadiga (que simula vôos em condições extremas) realizados em duas aeronaves. As rachaduras podem causar a rápida descompressão da cabine de passageiros, de acordo com o FAA, órgão que regulamenta o setor aéreo nos EUA. "Essas fendas podem rapidamente atingir um comprimento crítico, reduzindo a integridade estrutural da aeronave, com a possível descompressão da aeronave", destaca o documento da FAA.
American Eagle (subdiária de aviação regional da American Airlines), ExpressJet Holdings, ExpressJet, Mesa Air Group e Republic Airways estão entre as proprietárias americanas dos jatos ERJ -135 (37 assentos) e ERJ-145 (50 assentos). A revisão de cada aeronave pode levar até 60 horas e com custo de cerca de US$ 6 mil. Ao todo, as empresas aéreas deverão desembolsar perto de US$ 4 milhões, sem contar possíveis gastos com substituição de peças. Por meio de sua porta-voz, a American Eagle afirmou que já iniciou a inspeção de sua frota, composta por 108 modelos ERJ-145 e 39 ERJ-135. A companhia aérea também possui 59 Embraer-140 (versão comercializada pela Embraer nos Estados Unidos, com 44 assentos), mas essas aeronaves não serão alvo de fiscalização.
"O procedimento do FAA é algo normal dentro da aviação, e tem caráter preventivo", afirmou o coronel Ozires Silva, ex-presidente da Embraer. De acordo com o especialista, a possível presença de fissuras na fuselagem é uma das características do alumínio, principal material da fuselagem do avião. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Embraer informa que "o documento do FAA é resultado de uma ação preventiva e usual e tem como objetivo garantir a continuidade da aeronavegabilidade da família de jatos".
Até o terceiro trimestre, a Embraer acumulava 915 pedidos firmes da família ERJ-135/145, com 864 unidades entregues em todo o mundo. A linha é comercializada há 10 anos. Atualmente, a produção do modelo 145 está concentrada na subsidiária da Embraer em Harbin, na China. No Brasil, o ERJ serve de plataforma para o jato executivo Legacy 600, com capacidade para até 16 passageiros.