American Airlines recomenda que pilotos voltem ao ponto de partida nos EUA ao menor sinal de perigo no espaço brasileiro
Marília Martins – O Globo
NOVA YORK. Desde que um vôo da American Airlines, com destino a São Paulo, retornou a Nova York devido a problemas com o Cindacta-4, de Manaus, na noite de sexta-feira passada, a orientação dada aos pilotos pela companhia aérea americana é retornar ao ponto de partida diante de qualquer sinal de problema. O vôo diário AA-951, de Nova York para São Paulo e depois ao Rio, é uma das maiores preocupações da supervisora de vôos internacionais da empresa no aeroporto JFK, Nancy Parisi. Ela recebe diariamente dezenas de telefonemas de passageiros aflitos com as condições de segurança dos vôos para o Brasil e atende com paciência a todos os que procuram informações no balcão da empresa.
- Muita gente procurou o balcão da companhia em busca de informações na manhã de sábado passado, depois que o vôo AA-951 retornou a Nova York. E até hoje há muitos passageiros aflitos com as condições de segurança dos vôos. Estamos alertando a todos os passageiros com destino ao Brasil que os atrasos podem ocorrer e se devem a problemas amplamente divulgados no controle do tráfego aéreo brasileiro.
Passageiros da American Airlines desistiram de viagens
De acordo com Nancy Parisi, houve muitas desistências devido ao acúmulo de passageiros e aos atrasos constantes, mas a empresa vai continuar priorizando a segurança total de seus clientes.
- Todos conhecem os dramas que estão acontecendo nos últimos meses no tráfego aéreo brasileiro. Viajar para o Brasil já se tornou uma preocupação tanto para as equipes de terra quanto para as tripulações dos vôos. Por isso, temos a orientação de levar ao máximo de rigor os procedimentos de segurança. Ao primeiro sinal de problemas na comunicação, a orientação é o retorno da aeronave ao ponto de partida. O retorno do vôo a Nova York na noite de sexta-feira passada se deveu a essa orientação. E isso vai continuar - disse a supervisora, acrescentando que o reinício do vôo só foi possível depois que a empresa recebeu a garantia de que todo o sistema de radar brasileiro havia voltado a funcionar normalmente.
O diretor comercial da Delta Airlines, Luiz Henrique Teixeira, afirmou que a empresa não pretende alterar os seus procedimentos. Segundo ele, os vôos da companhia não registraram problemas de comunicação com os radares brasileiros. A Delta voa para o Brasil em horários e rotas diferentes da American Airlines, tendo quatro vôos diários entre EUA e Brasil, sendo dois entre Atlanta e São Paulo, um entre Atlanta e Rio e outro entre Nova York e São Paulo.
- Os pilotos da empresa são muito bem treinados para responder a qualquer situação de emergência, e, como não registramos em nossos vôos problemas de comunicação com os radares brasileiros, não adotamos qualquer procedimento ou orientação diferente da habitual - disse Teixeira.
Na Delta, diretor diz que não houve cancelamentos
O diretor garantiu que não houve cancelamentos de reservas devido aos constantes atrasos dos aeroportos brasileiros e afirmou que, por enquanto, nada mudou no que se refere aos planos da empresa para o Brasil. Durante os meses de férias escolares brasileiras, a Delta tem um vôo extra quatro vezes por semana, de quinta-feira a domingo, entre São Paulo e Atlanta.
Os executivos da United e da Continental não quiseram se manifestar a respeito dos problemas de tráfego aéreo e reorganização de rotas no Brasil. A American Pilots Association está analisando a situação de segurança do tráfego aéreo brasileiro e pretende emitir nota a respeito do assunto nos próximos dias, segundo informou Jennifer Arend, gerente de comunicação da entidade.