Ullisses Campbell

Da equipe do Correio Braziliense

Vizinhos do aeroporto de Congonhas convivem com o medo. Ao lado da pista principal e das duas auxiliares, há arranha-céus com até 25 andares e milhares de casas. Por conta da tragédia com o avião da TAM, ocorrido na terça-feira, a Associação de Moradores de Moema (AMM), na zona sul de São Paulo, vai entrar com uma ação civil pública para pedir mais segurança ao bairro. Em março, a entidade já havia entrado com outra ação pedindo o fim dos vôos após as 23h, por causa do barulho.

Segundo a presidente da AMM, dona-de-casa Lígia Horta, a ação será ajuizada contra a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Infraero, a prefeitura de São Paulo e contra as companhias aéreas.

“Não queremos que o aeroporto feche. Mas exigimos segurança porque há suspeita de que a pista esteja escorregadia depois da reforma”, diz Lígia. A dona-de-casa conta que ouviu a explosão do avião da TAM e que não conseguiu dormir durante a noite com medo do acidente.

Há 10 anos, o eletricista Thiago Dib, 28 anos, mora literalmente embaixo de uma das pistas auxiliares de Congonhas, na avenida Pedro Bueno. Ele não estava em casa na hora do acidente, mas conta que tomou uma decisão importante após a tragédia: vai se mudar do bairro. Ele já estava acostumado com aeronaves passando bem próximas do telhado de sua casa, mas o risco iminente de acidentes o deixou em pânico. “Quando os aviões são muito grandes, a antena de casa balança e os vidros vibram, como se fossem cair da janela. É muito freqüente ainda eles pousarem com o trem de pouso fechado e ocorre muito mais deslizamento na pista do que se imagina, principalmente quando o asfalto está molhado”, conta Tiago.

Acidentes

Quando era mais jovem, ele conta que a diversão dos adolescentes do bairro era acompanhar os pousos dos aviões que estavam com o trem de pouso fechado. “O avião desliza de barriga na pista e solta uma fumaça branca, fazendo um barulho ensurdecedor”, relata o eletricista. Hoje, ele conta que fica preocupado com possibilidades de acidentes.

Desde 1996, os moradores vizinhos a Congonhas têm trauma de acidentes aéreos. Em outubro daquele ano, um avião Fokker 100, também da TAM, caiu no bairro de Jabaquara tão logo decolou da pista principal, matando 99 pessoas entre passageiros e vizinhos do aeroporto que estavam em casa. A aeronave seguia para o Rio de Janeiro. “Não podemos esperar a próxima tragédia. Chega de aviões caindo sobre casas e invadindo ruas”, diz Lígia, da AMM.

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