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Hotel dificulta pousos em Congonhas

Pilotos se queixam de prédio, construído perto do aeroporto com aval da Aeronáutica

Sergio Roxo* - O Globo

SÃO PAULO. O diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, confirmou ontem que a construção de um hotel, a 500 metros do Aeroporto de Congonhas, reduziu o espaço para pousos na pista. O empreendimento pertence ao empresário Oscar Maroni Filho, dono do Bahamas, boate freqüentada por prostitutas.

A construção do hotel é cercada de polêmica. O Ministério Público Estadual investiga suspeitas de irregularidades por parte de funcionários da Prefeitura de São Paulo na fiscalização da execução da obra. Em 2004, a Polícia Civil chegou a abrir um inquérito para apurar o desrespeito a um embargo da construção. Agora, surge a informação de que o edifício, de 11 andares e 47,5 metros, mudou a rota dos aviões para o pouso no sentido Washington Luís-Jabaquara da pista. A direção da aterrissagem varia de acordo com a posição do vento.

Segundo Camacho, antes da existência do prédio a descida dos aviões podia ser feita de forma suave. O ângulo de inclinação das aeronaves para chegar à pista era mais ameno, em torno de 3,5 graus. Agora, devido à obra, sempre de acordo com o diretor do sindicato, os aviões precisam descer de forma brusca, com inclinação de 4 graus.

Assim, o piloto só consegue chegar até a pista 130 metros depois de seu início. Ou seja, a área útil para pousos cai de 1.940 metros (extensão total da pista) para 1.810 metros.

- Como podem permitir uma construção que torna as condições menos favoráveis? - disse Camacho.

A prefeitura só pode autorizar construções próximas ao aeroporto se houver autorização da Aeronáutica. No caso do hotel, a autorização foi assinada em 2000 pelo coronel Eurico Rogério Bueno Lycarião. O empreendimento ainda não está em funcionamento. O empresário Maroni Filho diz que pretende abrir as portas em quatro meses.

- Será um hotel voltado para executivos - disse.

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou que estuda derrubar o prédio caso se confirme a informação de que o hotel reduziu a área útil da pista.

- É muito estranho que a Aeronáutica tenha aprovado. Temos condição de demolir o prédio, se confirmado o erro.

A Aeronáutica nega que o hotel tenha alterado a rota dos aviões que pousam em Congonhas. De acordo com a instituição, a autorização para obra foi concedida porque houve avaliação de que não haveria risco. Maroni Filho nega qualquer irregularidade e diz que seguiu os trâmites legais para obter a autorização da Aeronáutica.

(*) Do Diário de S.Paulo

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