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Empresas regionais devem crescer 17%

João Guedes - Jornal do Comércio


Nem mesmo a crise do controle de tráfego aéreo impede o momento de euforia vivido pela aviação regional no Brasil. Apostando no desenvolvimento de novas rotas para o interior do País, elas devem registrar um crescimento de 17% este ano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Transporte Aéreo Regional (Abetar), que representa 11 companhias.

A confiança na consolidação do setor é demonstrada pelas projeções de investimentos das empresas, que devem aplicar US$ 360 milhões este ano na renovação e ampliação de suas frotas de aeronaves, segundo o diretor-presidente da Abetar, Apostole Lazaro Chryssafidis.

O crescimento é turbinado por uma combinação de fatores, que começa com a queda do dólar - que barateia a compra de insumos do setor -, a estabilidade da economia brasileira e o aumento do poder de compra da população. "Isto está melhorando o acesso ao transporte aéreo", acrescenta Chryssafidis. Além disso, a aceleração da economia no Interior, principalmente com o desenvolvimento do agronegócio no Oeste brasileiro, contribui para fortalecer as operações.

Para o setor, 2007 está dando continuidade a um ciclo de crescimento iniciado em 2003. Com a escalada do dólar em 2002, as grandes Varig e TAM (na época a Gol estava no seu primeiro ano) registraram grandes prejuízos. O revés financeiro levou as companhias nacionais a enxugar suas malhas de rotas, dando preferência às ligações entre as capitais, grandes centros e os principais destinos turísticos.

A mudança abriu mercado para o crescimento das regionais, que passaram a ocupar o espaço deixado pelas companhias tradicionais, implantando freqüências ligando cidades de médio e pequeno porte às capitais. Enquanto podem trazer prejuízos para as grandes, as rotas de médio e baixo tráfego têm a demanda na medida certa para garantir o crescimento das regionais, que geralmente operam com aviões de até 50 passageiros.

De lá pra cá, as pequenas companhias praticamente dobraram sua participação no mercado aéreo do País, saltando de 1,4% para 2,7%. O restante fica dividido entre TAM, Gol, Varig, BRA e Webjet. "Queremos chegar a 5% em 2010", revela Chryssafidis. O número de cidades atendidas pelos serviços também cresceu, saltando de 119, em 2003, para mais de 150 neste ano, movimentando 230 mil passageiros por mês.

O dirigente destaca que as empresas estão sofrendo prejuízos com a crise aérea, mas não na mesma medida das grandes do setor. A vantagem é o fato de não operar em rotas congestionadas. Por outro lado, o caos no controle de tráfego nos céus acaba beneficiando algumas regionais. Os problemas dos últimos meses ajudam a consolidar a ligação entre centros econômicos periféricos. É o caso da rota entre Londrina e Campo Grande, em que as regionais não obrigam o passageiro a passar por São Paulo para uma conexão.

No Rio Grande do Sul, a NHT é afetada indiretamente pela crise, segundo o diretor-geral, Reinaldo Herrmann. A empresa vem tendo poucos problemas com os horários dos seus vôos, mas enfrenta a perda de passageiros. O problema é que muitos dos clientes vêm de outros estados, em vôos das grandes companhias para uma conexão com a NHT em Porto Alegre. Com os freqüentes atrasos, muitos acabam chegando depois da partida do vôo da regional gaúcha.

NHT implanta novos trechos

Perto de completar um ano de operação, a gaúcha NHT vai aumentar de 14 para 18 o número de cidades atendidas nos três estados do Sul até o fim do mês. O incremento vai ser garantido com a chegada de sua quarta aeronave LET-410. A empresa iniciou a operação no ano passado, com dois aviões. Em 2007, incorporou à sua frota mais um LET-410, avaliado em US$ 2,5 milhões, ampliando a atuação no interior de Santa Catarina e no Paraná. Até o fim de junho, a companhia passará a voar para os municípios de Florianópolis, Lages, Joaçaba e Criciúma. Com isso, deve fechar o ano com um faturamento de R$ 15 milhões, segundo o diretor-geral Reinaldo Herrmann. Ainda neste ano, a NHT deve confirmar a aquisição de mais dois aviões, que seriam entregues em 2008.

Para Herrmann, a boa fase do setor é resultado do momento de aquecimento da economia. "Estamos numa fase de crescimento, com redução das taxas de juros, que se soma ao aumento do número de cidades atendidas", explica. (JG)

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