Operando na mesma freqüência, rádios e telefones colocam vôos em risco
GIOVANI GRIZOTTI - ZERO HORA
Rádios piratas e telefones sem fio de longo alcance estão interferindo na comunicação entre pilotos e torres de controle de aeroportos brasileiros. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), essas transmissões invadem a freqüência do Serviço Móvel Aeronáutico, entre 108 megahertz e 137 megahertz.
Gravações divulgadas ontem à noite pelo programa Fantástico, da Rede Globo, e pela Rádio Gaúcha mostram que até músicas são ouvidas durante os procedimentos de pouso e decolagem, comprometendo a compreensão das orientações recebidas na cabine dos aviões.
Relatórios oficiais do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), que controla o tráfego nos Estados do Sul, de Mato Grosso do Sul e de parte de São Paulo, mostram que um mesmo tipo de telefone chegou a provocar quatro interferências em oito dias no território gaúcho.
O sinal foi captado por aeronaves nas regiões Sul, Vale do Rio Pardo, Serra e Vale do Taquari. Capazes de funcionar a distâncias de até 40 quilômetros da base, os telefones que causam interferência não são homologados pela Anatel. A venda é proibida no Brasil. Mas é possível comprá-los através da Internet e também em Ciudad del Este, no Paraguai, onde a reportagem adquiriu um modelo Senao 8310, por R$ 150.
No escritório da Anatel, em Porto Alegre, técnicos fizeram um teste e comprovaram que aparelhos sem fio prejudicam a comunicação.
- A freqüência utilizada por telefone sem fio é na faixa de 900 megahertz. Esses telefones contrabandeados atuam na faixa de 120 a 140 megahertz, a da Aeronáutica - adverte João Betoni, gerente regional da Anatel do Rio Grande do Sul.
Rádio clandestina foi fechada pela Anatel em Guaíba
Além dos telefones, as emissoras piratas também preocupam as autoridades. Em junho de 2006, uma rádio clandestina foi fechada pela Anatel em Guaíba. Segundo documento enviado à agência pelo Destacamento de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro de Porto Alegre, reclamações vinham sendo recebidas de aeronaves, que apontavam interferência na freqüência de 120,1 megahertz, utilizada por pilotos.
- As pessoas entendem que é uma freqüência baixa e que não atingiria essas aeronaves, mas há interferência que pode causar acidentes - diz o delegado Ildo Gasparetto, da Polícia Federal gaúcha.
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