Num futuro próximo, voos de todos os aviões civis passarão a ser monitorados continuamente por um sistema global especial, a ser desenvolvido e implementado pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI).
Boris Pavlischev | Voz da Rússia
A necessidade de um tal sistema foi salientada pelo incidente com o Boeing malaio que desapareceu em 8 de março a caminho de Kuala Lumpur para Pequim.
Com a ajuda de navegação por satélite pode-se descobrir onde está um carro roubado ou até mesmo para onde foi o cão se ele usa uma coleira especial. Por isso o desaparecimento de um grande avião numa época de rápido desenvolvimento de meios de comunicação avançados parece ser simplesmente incrível. No entanto, o fato é que em dois meses seu mistério não foi desvendado, e a busca foi transferida para o oceano Índico.
A única “dica” foi um sinal de funcionamento dos motores do Boeing, enviado à empresa que os produziu, Rolls-Royce, via satélite. O sinal foi interceptado quando o avião estava sobre o centro do oceano Índico, uma zona invisível para radares. Isso mostrou que o novo sistema não pode ser implementado sem um segmento orbital.
Segundo o conceito da OACI, o sistema vai incluir dezenas de meios existentes de comunicação e transmissão de dados, bem como os desenvolvimentos mais avançados que ainda não estão disponíveis comercialmente. Trata-se de uma solução completa, acredita o editor-chefe da revista russa Vzlet Andrei Fomin:
“Uma coisa é boa para algo, outra coisa é boa para algo mais. A área de cobertura de radares em partes remotas do oceano mundial não é suficiente. Satélites “veem” quase em todos os lugares, mas com menos precisão. Falou-se muito da transmissão de dados de bordo do avião, ACARS (Aircraft Communications Addressing and Reporting System). Já que esse sistema já foi implementado, faria sentido aumentar a quantidade de informações transmitidas, incluindo não só dados sobre o trabalho do equipamento de bordo, mas também sobre as coordenadas do avião.”
Mensagens do ACARS continuavam sendo enviadas do Boeing desaparecido até um certo momento, mas depois os pilotos desativaram manualmente o serviço. Curiosamente, o mesmo fizeram também os sequestradores de aviões que os dirigiram para as torres gêmeas em Nova York, em 2001. Por isso, uma das principais exigências da OACI é a impossibilidade de intervenção humana no funcionamento do futuro sistema.
Existe um problema com o uso de satélites para receber dados de aviões: a falta de canais disponíveis. Em várias companhias aéreas passageiros podem em voo falar ao telefone celular – graças à comunicação do avião com satélites. Mas esse canal já está repleto de conversas.
No entanto, a operadora de satélites britânica Inmarsat encontrou uma brecha e sugeriu que os aviões enviassem para seus satélites um sinal com suas coordenadas a cada 15 minutos. Isto repete a ideia dos construtores russos do sistema internacional de busca e salvamento de embarcações e aeronaves Cospas-Sarsat.
A essência da ideia é que um radiofarol de emergência da Cospas-Sarsat transmite para o satélite não só o número do avião ou navio em perigo, mas também a sua localização, para quê é necessário integrar um receptor de navegação no farol. Muito provavelmente, este princípio será integrado no novo sistema global. A propósito, ninguém especificou porque o farol Cospas-Sarsat não funcionou no malfadado Boeing nem se ele estava lá instalado de todo.
No outono será divulgada uma lista de soluções técnicas específicas e o prazo de implementação de todo o projeto. O preço de um conjunto de equipamentos para um avião não será superior a 100 mil dólares.