Jornal do Commércio
PARIS – O maior sindicato de pilotos da França divulgou ontem, em Paris, uma nota pública para protestar contra as informações reveladas pela revista alemã Der Spiegel sobre as circunstâncias da queda do voo 447, em 31 de maio de 2009. Segundo a revista, o piloto do Airbus A330, Marc Dubois, não estava na cabine de comando no momento das primeiras panes no avião. Para o Sindicato Nacional de Pilotos de Linha (ANPL), o procedimento é normal, regulamentado por normas internacionais e incapaz de explicar um acidente.
Ainda conforme a Der Spiegel, Dubois teria retornado ao seu posto assim que foram verificadas as primeiras falhas eletrônicas decorrentes da disfunção dos tubos pitot, os sensores de velocidade do avião, aparelhos que orientam a navegação de uma aeronave. A audição das caixas-pretas teria indicado ainda que o comandante tentou controlar o avião, o que não aconteceu. Quatro minutos após os primeiros alertas, o Airbus da Air France desapareceu no Oceano Atlântico, quando fazia a rota entre o Rio de Janeiro e Paris, matando as 228 pessoas a bordo.
“Nos voos longos, um piloto de reforço é obrigatoriamente previsto a fim de que cada um dos membros da tripulação possa ter um momento de repouso”, alega o sindicato. Nesse caso, dois pilotos permanecem em suas funções durante esses instantes. “Tudo está de acordo com as regras internacionais.”
Na sexta-feira, o Escritório de Investigações e Análises para a aviação Civil (BEA) deve divulgar um comunicado indicando as circunstâncias em que o voo 447 caiu. As razões, entretanto, continuarão a ser investigadas.
Também ontem, o Wall Street Journal, citando fontes com acesso a resultados preliminares da análise das caixas-pretas, foi mais um a dizer que o acidente ocorreu devido a erros de pilotagem e a um erro nos procedimentos habituais. De acordo com o diário, os pilotos foram “aparentemente distraídos por indicadores de velocidade com problemas e não reagiram corretamente frente a outros elementos cruciais do voo, como o ajuste da pressão da aeronave”.