Companhia belga de tecnologia para empresas de aviação quer participar de projetos envolvendo a Copa e a Olimpíada no Rio
Dubes Sônego - Brasil Econômico
A belga Sita, companhia especializada em tecnologias para a operação de aeroportos e companhias aéreas, está otimista com o mercado brasileiro. Nos próximos cinco anos, tem a meta de dobrar a receita no país, diz Danilo Soares, vice-presidente da unidade de aeroportos e comunicação da companhia para a América Latina e Caribe. O executivo, porém, não revela o faturamento da subsidiária.
Um dos principais motivos para a elevada expectativa em relação ao mercado local são os projetos de expansão dos aeroportos, que deverão sair do papel até a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Este é um mercado no qual a companhia atua fortemente lá fora, mas que no Brasil, na definição de Soares, andava meio “frio”. “É um momento extremamente feliz”, afirma o executivo.
Só o aeroporto de Natal, o primeiro grande terminal entregue a gestão privada no país, deverá gerar contratos de cerca de R$ 200 milhões nas áreas de interesse da Sita. Ainda que sejam contratos de gestão com duração de 20 anos, afirma Soares, representariam crescimento anual de cerca de R$ 10 milhões na receita da companhia.
E há muito mais por vir. Atualmente, o governo tem licitação aberta para a definição dos novos planos diretores de 14 dos maiores aeroportos do país, que deverão resultar em licitações de obras de expansão no início do próximo ano. A lista inclui Cumbica, Viracopos e Congonhas, Galeão, Santos Dumont e outros de grande porte.
O percentual varia de projeto para projeto. Mas, de modo geral, os investimentos em tecnologia representam cerca de 10% do orçamento de um aeroporto. O pacote inclui desde sistemas de comunicação terra-ar de controle de voo até ferramentas de gestão da infraestrutura aeroportuária e controle do fluxo de passageiros em tempo real. Se todos os projetos de fato saírem do papel, a Sita terá oportunidades de negócios contadas na casa dos bilhões de reais.
Céu de brigadeiro
Outro mercado que deverá impulsionar as vendas da companhia, diz Soares, é o de companhias aéreas, que cresce com a alta na renda da população.
Só em abril deste ano, a demanda por voos no mercado doméstico cresceu 31,45% em relação ao mesmo período de 2010. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), responsável pelo levantamento, no mesmo período a expansão da oferta foi de 15,44%. E, em paralelo ao crescimento do mercado nacional, novas companhias, como Azul,Webjet e Trip, fortalecem sua participação. “O Brasil é um dos mercados chave para o crescimento da Sita, ao lado de China e Índia. Seu mercado de aviação é o quinto maior do mundo”, diz Soares.
Na lista de produtos e serviços que a companhia comercializa para este mercado no Brasil estão sistemas voltados à companhias aéreas, que auxiliam o planejamento e controle das escalas de trabalho e treinamento das tripulações; softwares para a elaboração de planos de voo; totens usados para fazer checkin; sistemas de seleção e rastreamento de bagagens e de coordenação de embarque e abastecimento das aeronaves.
Como não produz diretamente todos os produtos que utiliza em seus sistemas, a companhia não precisará realizar grandes investimentos para atender ao crescimento da demanda. O trabalho realizado pela Sita é centrado no desenho de sistemas, em sua integração e gestão.
TRÁFEGO AÉREO
Contrato com Decea terá primeira fase concluída neste ano
A Sita espera concluir até o final deste ano a implantação da primeira fase do contrato de modernização da infraestrutura de comunicação de dados (Datalink) do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). A modernização é necessária para que o país possa comportar o aumento do tráfego nos próximos anos e o pico de demanda com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Assinado no início deste ano, o contrato com a Sita tem duração de 20 anos e prevê também a operação do sistema, pelo modelo de concessão.
RECEITA
US$ 1,5bi Foi o último faturamento divulgado pela Sita (2009)
R$200mi Potencial de negócios para a sita no aeroporto do RN (Natal)
HISTÓRICO
A Sita foi criada em 1949, por um grupo de 11 companhias aéreas que incluía Air France, KLM, Swissair e TWA.
Em 2009, último período para o qual a companhia divulgou o balanço, o faturamento foi de US$ 1,5 bilhão.
Segundo informações oficiais da empresa, a Sita atua hoje em cerca de 200 países e territórios, com 3,2 mil clientes.