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Destelhamento deixa 3 feridos em Congonhas

Pelo menos quatro empresas tiveram prejuízos com fortes ventos. A dona de uma casa próxima e dois pedreiros que trabalhavam no local ficaram feridos.

Clarice Sá e Luciana Bonadio
Do G1, em São Paulo

Três pessoas tiveram ferimentos leves após rajadas de vento de até 90 km/h causarem o destelhamento dos hangares de quatro empresas em Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, de acordo com a Empresa de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero). O aeroporto foi fechado às 16h03 desta terça-feira (3) e reaberto às 16h40 por causa da forte chuva que causou nove pontos de alagamento, um deles intransitável.

Os hangares que perderam os telhados, ainda segundo a Infraero, pertencem às empresas Flamingo, Morro Vermelho, Premier e TAM. Em um dos hangares, o teto desabou sobre cinco helicópteros e dois aviões de pequeno porte. Partes do telhado caíram a mais de 100 metros de distância dos hangares.

Os hangares são voltados para a Avenida dos Bandeirantes e são destinados a jatos executivos e helicópteros. No caso da TAM, o hangar 8 - que abriga as áreas administrativas, além de helicópteros e jatos administrados pela TAM Táxi Aéreo Marilia - foi atingido. Não houve feridos entre os funcionários da empresa.

Uma casa localizada na Rua João Carlos Mallet, em frente ao hangar 8, foi danificada pela estrutura metálica e telhas. A proprietária do imóvel e os dois pedreiros que trabalhavam em frente ao local ficaram feridos. A dona-de-casa Mizue Futema, de 62 anos, sofreu escoriações e está internada no Hospital Santa Marina. Um dos pedreiros foi levado para o Hospital Saboya. Mizue mora há mais de 30 anos no local. Segundo Célia Suzuki, cunhada de Mizue, a casa vai passar por avaliação porque foi bastante danificada. Segundo parentes, Mizue passa bem.

A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que parte da estrutura de uma plataforma de desembarque caiu na pista sentido Centro da Avenida Washington Luís, que passa ao lado do aeroporto, e ocupou as duas faixas da direita, provocando lentidão no trânsito próximo ao local.

Pelo menos outras seis casas da Rua João Carlos Mallet foram danificadas pelo destelhamento dos hangares das empresas aéreas. Uma das moradoras que estava grávida de oito meses teve crise de pressão alta e teve de ser levada para o Hospital Santa Marina. Michele Ferreira Narciso não teve ferimentos, segundo o marido dela, Antonio Francisco Antonuzi. Ela estava em casa com a empregada quando o acidente aconteceu. “Tinha acabado de montar o quarto do bebê. Destruiu tudo”, disse Antonuzi. “Foi um terremoto. Um horror. A gente se abraçou e achou que ia morrer na hora. A casa tremeu”, disse a empregada Nelma Lopes.

Maria de Araújo, de 82 anos, sofreu um enfarte às 18h20 e foi retirada às 19h pelo Corpo de Bombeiros. Ela foi levada ao Hospital São Paulo, na Zona Sul. Há 20 dias, a moradora do número 120 da Rua João Carlos Mallet já havia sofrido um enfarte. A casa dela também foi atingida por telhas.

A dona-de-casa Dulcina Beall conta que achou que um avião tinha caído quando ouviu um estrondo em sua garagem. Eram, na verdade, as telhas do hangar de uma companhia aérea. “Foi um estouro. Achei que tinha caído um avião. Peguei meus gatos e meus cachorros e fui para a sala”, afirmou. A casa dela, localizada na Rua Mário Paranho Pederneiras, foi destelhada por causa dos fortes ventos e ficou alagada.

Na Avenida dos Bandeirantes, outras casas foram atingidas. Uma delas é a loja de móveis onde trabalham Marcos Santos e Marco Aurélio Carvalho. Eles contam que só ouviram um barulho das telhas caindo sobre ruas e casas da região. “Foi um susto bravo”, conta Carvalho. Duas telhas da loja ficaram quebradas por causa do acidente.

O menino Diego Martins Teixeira, de 11 anos, estava sozinho em casa quando se assustou com um forte barulho em meio ao temporal. “Peguei minha cachorrinha e saí correndo, chorando, para pedir ajuda”, disse. A residência dele foi também atingida pelas telhas dos hangares.

Chuva, vento e falta de luz

Uma forte chuva caiu sobre o aeroporto por volta das 16h. Rajadas de vento de até 90 km/h foram registradas às 16h10 na região. O fechamento da pista principal - única em funcionamento, já que a auxiliar passa por obras - ocorreu por precaução por causa da chuva e ventos fortes. O aeroporto ficou sem luz por volta das 17h, mas geradores garantiram a manutenção das operações.

Com a queda de energia no aeroporto, todas as salas de venda e troca de passagens foram fechadas. Toda a área de alimentação também ficou sem luz e poucas lanchonetes estavam funcionando por volta de 17h30. Até as 18h desta terça, dos 237 vôos previstos no aeroporto, sete registravam atrasos de mais de uma hora, o que representa 3% do total, e dois haviam sido cancelados. O saguão do aeroporto chegou a ser invadido pela água.

A chuva forte deixou todas as regiões em estado de atenção, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da prefeitura. A cidade só voltou ao estado de observação às 17h15. A cidade de São Paulo chegou a registrar ventos de 108 km/h - um furacão, por exemplo, começa a 119 km/h. Em alguns bairros da Zona Sul choveu granizo.

Dois pontos de alagamento eram registrados na capital às 19h desta terça. Os bairros de Moema, Santo Amaro, Planalto Paulista, Higienópolis, Jardim Aeroporto, Vila Clementino, Alto da Boa Vista, Saúde e Vila Mariana, em São Paulo, enfrentam desde as 16h desta terça falta de energia elétrica, segundo a Eletropaulo.

A empresa informa que duas linhas de subtransmissão, que fazem a distribuição para as linhas nos bairros, foram atingidas por raios. Foi registrada grande incidência de raios na tarde desta terça-feira sobre a capital paulista.

Ainda não há previsão para o restabelecimento de energia. Em nota, a Eletropaulo informa que “técnicos estão percorrendo as linhas de subtransmissão para sanar o problema o mais rápido possível”.

A chuva forte é causada pelas altas temperaturas registradas na cidade, além da umidade, que aumentou graças à passagem de uma frente fria pelo oceano. A temperatura máxima registrada pelo CGE nesta terça-feira (3) foi de 33ºC em São Mateus, na Zona Leste.

Fechamento no sábado

A pista do Aeroporto de Congonhas havia sido fechada pela última vez no sábado (31). Na ocasião, o temporal provocou o fechamento do aeroporto às 17h14, além de provocar 25 pontos de alagamento nas principais vias da cidade, entre elas a Marginal Pinheiros. O aeroporto só reabriu mais de uma hora após a interdição.

Um morador de rua foi encontrado morto. Outro rapaz de cerca de 18 anos foi atingido por um raio. De acordo com uma testemunha, o jovem estava embaixo de um eucalipto na Vila Andrade, na Zona Sul da capital, quando recebeu a descarga elétrica. O rapaz foi levado para o hospital do Campo Limpo. Ele teve queimaduras no peito e na perna esquerda.

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