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Acidente não foi causado por falha no Airbus, diz jornal

Jornal do Brasil

O jornal francês Le Figaro divulgou nesta segunda-feira reportagem na qual aponta que, de acordo com as primeiras informações extraídas das caixas-pretas do voo AF 447, da Air France, uma falha no Airbus A330 não seria a causa da queda da aeronave, em 31 de maio de 2009. A afirmação, segundo o periódico, é de fontes do governo e pessoas ligadas à investigação.
 
Conforme o jornal, o trabalho do Departamento de Investigação e Análise (BEA), órgão francês que apura as causas do acidente, será determinar o que aconteceu na cabine da aeronave e se os erros foram de responsabilidade da tripulação ou da Air France. Para isso, serão analisados os registros de ação dos pilotos na cabine e os registros de voz.

 
Ainda segundo o Le Figaro, as fontes disseram que novos elementos da investigação serão fornecidos pelo BEA na terça-feira. Procurados pelo periódico, um porta-voz da Air France e um representante da Airbus se recusaram a comentar os primeiros resultados da análise.

 
As caixas-pretas, uma com informações técnicas do voo e outra com a gravação das conversas na cabine, chegaram na última quinta-feira a Paris. As informações contidas nas duas puderam ser lidas durante o final de semana, informou na manhã desta segunda-feira o BEA. Todo o trabalho de manipulação foi filmado e realizado com a presença de dois investigadores alemães, um americano, dois ingleses e dois brasileiros, além de um oficial da polícia francesa e um representante da Justiça, de acordo com o BEA.

 
Os dois gravadores - o Flight Data Recorder (FDR), que registra as informações técnicas do voo, e o Cockpit Voice Recorder (CVR), que grava as conversas entre a tripulação e outros áudios captados no voo, como alarmes - passaram por um longo processo antes de serem decodificados. Ao serem retirados das caixas-pretas, foram colocados em uma espécie de estufa onde permaneceram pelo menos 12 horas secando. Em seguida, os cartões de memória onde estão gravadas as informações foram minuciosamente limpos e analisados externamente para que se verificasse se estavam danificados. Por fim, os investigadores conectaram os cartões a um computador do BEA, onde foi transmitida "a integralidade" dos dados, conforme o comunicado divulgado hoje.

 
O acidente do AF 447
 

O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o voo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.
 
Os primeiros fragmentos dos destroços foram encontrados cerca de uma semana depois pelas equipes de busca do País. Naquela ocasião, foram resgatados apenas 50 corpos, sendo 20 deles de brasileiros. As caixas-pretas da aeronave só foram achadas em maio de 2011, em uma nova fase de buscas coordenada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA) da França, que localizou a 3,9 mil m no fundo do mar a maior parte da fuselagem do Airbus e corpos de passageiros em quantidade não informada.

 
Dados preliminares das investigações feitas pela França mostraram que falhas dos sensores de velocidade da aeronave, conhecidos como sondas Pitot, parecem ter fornecido leituras inconsistentes e podem ter interrompido outros sistemas do avião. As sondas permitem ao piloto controlar a velocidade da aeronave, um elemento crucial para o equilíbrio do voo. Mas investigadores deixaram claro que esse seria apenas um elemento entre outros envolvidos na tragédia. Em julho de 2009, a fabricante anunciou que recomendou às companhias aéreas que trocassem pelo menos dois dos três sensores - até então feitos pela francesa Thales - por equipamentos fabricados pela americana Goodrich. Na época da troca, a Thales não quis se manifestar.

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