Pular para o conteúdo principal

Demanda cresce e dá impulso aos fabricantes de aviões

Daniel Michaels, The Wall Street Journal, de Londres

A indústria aeropacial mundial se reúne hoje na maior feira anual do setor num momento em que os fabricantes de aviões estão supreendemente otimistas, apesar das incertezas econômicas. 

Um grande motivo é que as empresas que arrendam aviões para terceiros voltaram a comprar e várias grandes encomendas de leasing são esperadas no Salão Aerospacial Internacional de Farnborough, realizado nos arredores de Londres.

No mundo todo, as companhias aéreas estão saindo da pior crise em décadas, elevando a demanda por aviões. Investidores e instituições financeiras começaram a despejar bilhões de dólares em novos arrendadores, enquanto bancos e gestores de recursos estão voltando a financiar compras de aviões.

Uma das maiores novas empresas - a Air Lease Corp., recentemente criada pelo pioneiro do leasing de aviões Steven Udvar-Hazy com US$ 3,3 bilhões em capital novo - vai anunciar na feira encomendas com a Airbus e a Boeing Co. de mais de cem jatos, com valor de catálogo de cerca de US$ 7,5 bilhões, de acordo com pessoas a par do assunto.

A Air Lease já fechou acordo para comprar 60 jatos comerciais de outras empresas de leasing e companhias aéreas, disse Hazy, que se recusou a comentar os novos pedidos.

A maior empresa de leasing de aviões do mundo, a GE Capital Aviation Services, da General Electric Co., também deve fazer uma grande encomenda à Boeing e à Airbus, disseram pessoas familiarizadas com os negócios. Um porta-voz da GE não comentou.

"Acho que você vai ver muitas encomendas de leasing neste salão aeroespacial", disse o diretor operacional para clientes da Airbus, John Leahy.

A Emirates Airline, de Dubai, uma aérea relativamente forte, vai encomendar mais de 30 jatos 777 da Boeing, com valor de catálago de mais de US$ 7 bilhões, segundo pessoas a par do negócio. Um representante da Emirates se recusou a comentar.

Mas para companhias aéreas com crédito mais limitado a volta da liquidez é crucial para a compra de novos aviões. Entre os que estão ganhando com a retomada estão os passageiros, que passam a voar em aviões novos e mais seguros, e as companhias aéreas, que reduzem os gastos com combustíveis graças a equipamentos mais modernos. Entre os perdedores estão os donos de aviões mais antigos, cujos valores estão caindo mais rápido que o normal por causa da chegada de novos modelos.

Por trás da virada está uma lição da recessão: jatos comerciais podem ser investimentos relativamente seguros - mesmo quando as companhias que os utilizam estão com dificuldades. Isso porque a maioria dos novos aviões pode ser trocada de mãos rapidamente entre os clientes, caso um não pague as contas.

"Você consegue financiamento para aviões porque eles produzem bom fluxo de caixa", disse Robert Martin, presidente da BOC Aviation, uma unidade do Banco da China e um dos maiores arrendadores de aviões do mundo. "E diferentemente de outros investimentos - como prédios - você pode mover um avião."

As empresas de leasing são donas de cerca de um terço de toda a frota de aviões comerciais, ante 23% em 1990, de acordo com a Ascend Ltd., um firma de consultoria de aviação de Londres. 

Executivos do setor esperam que essa participação chegue a 40% em poucos anos. A mudança ajudou a Boeing e a European Aeronautic Defense and Space Co., controladora da Airbus, a passar pela recente recessão sem cortar a produção. A estabilidade também protegeu milhares de empregos bem pagos na Europa e nos Estados Unidos.

O otimismo na Airbus, Boeing e seus fornecedores é particularmente notável porque várias áreas da indústria aeroespacial se deparam com perspectivas mais sombrias. Empresas contratadas pelo setor de defesa esperam cortes dolorosos, uma vez que os governos estão encolhendo os orçamentos militares para reduzir os déficits. Fabricantes de jatos executivos e helicópteros ainda estão sentindo os efeitos negativos da crise financeira.

A demanda por aviões comerciais vem de diversos fatores, entre eles a expansão mundial das empresas aéreas que vendem passagens mais baratas e o crescimento do tráfego aéreo em mercados efervecentes como Brasil, China, Índia e o Oriente Médio.

Representantes do setor admitem que as perpectivas para o negócio aéreo podem ser golpeadas por um novo choque global. Mas depois de enfrentar dois anos de alta dos preços dos combustíveis, reviravolta financeira, terrorismo e uma enorme erupção vulcânica, os representantes do setor dizem que estão melhor preparados que antes para lidar com turbulências.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul