Pular para o conteúdo principal

Caos aéreo, risco para a Copa de 2014

O Globo

Estima-se que 1.800 pessoas não conseguiram chegar ao estádio a tempo de ver o jogo entre Alemanha e Holanda, quarta-feira, por problemas no tráfego aéreo no Aeroporto Internacional King Shaka, em Durban, na África do Sul. Isso num país que recebeu avaliações positivas nas condições oferecidas pelos terminais aos torcedores que voaram para assistir à Copa. O contratempo deixa evidente que, se obras de modernização e melhorias do espaço físico são fundamentais, elas por si só não garantem a qualidade dos serviços nos aeroportos. Há que se ter cuidados também, e não poucos, com a infraestrutura como um todo. Modernização e sistema de operações eficiente são faces da mesma moeda, imprescindíveis para garantir o bom funcionamento dos terminais.

Pois é nas más condições, operacionais e físicas, dos aeroportos brasileiros que se aperta um dos nós da organização da Copa de 2014. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que pelo menos oito das 12 cidades que irão sediar os jogos do Mundial estão com os terminais funcionando no limite da capacidade máxima - sendo que alguns casos beiram o colapso. O aeroporto de Manaus, por exemplo, tem uma demanda de pousos e decolagens com praticamente o dobro da capacidade de atendimento nos horários de pico. Congonhas e Guarulhos, em São Paulo, também registram um movimento superior ao teto, segundo o estudo. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, contestou o estudo - mas quem voa no Brasil é testemunha de que os aeroportos estão a uma distância continental de um padrão de eficiência aceitável. As críticas deveriam ser dirigidas não contra quem aponta deficiências de um setor vital para o desenvolvimento do país, mas voltadas para o próprio umbigo.

Outro estudo, pedido pelo presidente Lula ao BNDES e realizado pela McKinsey, configurou a crise anunciada: a Infraero, responsável pela política de transporte aéreo, não consegue executar a contento as obras necessárias. Em 2006, planejou-se investir R$2,8 bilhões em 17 aeroportos, mas, passados três anos, haviam sido executados apenas R$815 milhões do orçamento.

Há também dificuldades de ordem ideológica. Os plano de conceder a administração dos aeroportos à iniciativa privada têm sido boicotados por influentes vozes do governo. Da mesma forma, manter a política aérea sob controle estatal significa preservar o poder dos cargos na burocracia aeronáutica como instrumento de barganha política.

Se nada for feito para mudar este quadro, a situação caótica dos aeroportos colocará em risco o sucesso dos eventos esportivos que o país vai sediar até 2016, como a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Junte-se a isso o crescimento do país: o próprio ministro Jobim estima que o movimento de usuários suba ao ritmo de 10% ao ano. Insistir com uma política em que a ideologia estatatizante está acima das necessidades do mercado é o mesmo que dar passagem ao caos. Está mais do que na hora, portanto, de o Planalto rever sua estratégia para o setor, esquecer compromissos partidários e deixar a administração dos terminais por conta da competência da iniciativa privada.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Avião da TAM retorna após decolagem

Jornal do Commercio SÃO PAULO – Um avião da TAM, que partiu de Nova Iorque em direção a São Paulo na noite de anteontem, teve que retornar ao aeroporto de origem devido a uma falha. Segundo a TAM, o voo JJ 8081, com 196 passageiros a bordo, teve que voltar para Nova Iorque devido a uma indicação, no painel, de mau funcionamento de um dos flaps (comandos localizados nas asas) da aeronave. De acordo com a TAM, o avião passou por manutenção corretiva e o voo foi retomado à 1h28 de ontem, com pouso normal em Guarulhos (SP) às 10h38 (horário de Brasília). O voo era previsto para chegar às 6h45. A companhia também informou que seu sistema de check-in nos aeroportos ficou fora do ar na manhã de ontem, provocando atrasos em 40% dos voos. O problema foi corrigido.

Empresa dona de helicóptero que transportava Boechat não podia fazer táxi aéreo e já havia sido multada por atividade irregular, diz Anac

Agência diz que aeronave só podia prestar serviços de reportagem aérea e qualquer outra atividade não poderia ser realizada. Multa foi de R$ 8 mil. Anac abriu investigação. Por  G1 SP A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero que caiu na Rodovia Anhanguera no início da tarde desta segunda-feira (11), em que o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci morreram, não podia fazer táxi aéreo, mas sim prestar serviços de reportagem aérea. Ainda segundo a Anac, a empresa foi multada, em 2011, por atividade irregular. Helicóptero prefixo PT-HPG que se acidentou na Anhanguera — Foto: Matheus Herrera/Arquivo pessoal "A empresa RQ Serviços Aéreos Ltda foi autuada, em 2011, por veicular propaganda oferecendo o serviço de voos panorâmicos em aeronave e por meio de empresa não certificada para a atividade. Essa atividade só pode ser executada por empresas e aeronaves certificadas na modalidade táxi aéreo. A autuação foi definida em R$ 8 mil

A saga das mulheres para comandar um avião comercial

Licenças concedidas a mulheres teêm crescido nos últimos anos, mas ainda a passos lentos. Dificuldades para ingressar neste mercado vão do alto custo da formação ao machismo estrutural Beatriz Jucá | El País Quando Jaqueline Ortolan Arraval, 50 anos, fez a primeira aula experimental de voo, foi mais por curiosidade do que por qualquer pretensão de virar piloto de avião. Era início dos anos 1990 e pouco se via mulheres comandando grandes aeronaves comerciais no Brasil. "Eu achava que não era uma profissão pra mim", conta. Ela trabalhava no setor processual em terra de uma grande companhia aérea, e o contato constante com colegas que estudavam aviação lhe provocaram certo fascínio. Perguntava tanto sobre a experiência de voo que um dia um amigo lhe convidou para acompanhá-lo em uma das aulas. A curiosidade do início se tornou um sonho profissional, e Jaqueline passou a frequentar aeroclubes e trabalhar incessantemente para conseguir pagar as caras aulas de aviação e acumul