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Embraer amplia venda de usados

Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos

A Embraer vem registrando um aquecimento nas vendas de aeronaves usadas e estima uma demanda anual entre 15 a 20 unidades nos próximos três a cinco anos, dos modelos da família ERJ, de 37 a 50 lugares e do jato 170. O diretor de Administração de Ativos da Embraer, Paulo Estevão, calcula que esse número seja o dobro, se forem incluídas as vendas de aeronaves usadas Embraer, mas cuja negociação não envolve diretamente a fabricante brasileira.

A participação da Embraer na recomercialização dos seus produtos no mercado secundário, segundo Estevão, geralmente acontece quando a empresa recebe uma aeronave usada de um cliente, como parte do pagamento de uma nova. A administração e a negociação do portfólio de aeronaves usadas da empresa são realizadas pela ECC Leasing Company Limited, subsidiária integral da Embraer, criada em setembro de 2002.

O portfólio administrado pela ECC engloba até o momento cerca de 81 aeronaves, sendo que 35 já foram vendidas para companhias aéreas, empresas e entidades governamentais da América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia. Outras 32 estão em operação de leasing, cinco disponíveis e nove estão sendo utilizadas pela empresa em campanhas de testes, que visam o desenvolvimento de novas tecnologias.

Das aeronaves que estão em operação de leasing ou disponíveis para serem recomercializadas, o diretor estima que o valor total gire em torno de US$ 350 milhões. O custo de um jato ERJ-145 novo é da ordem de US$ 18 milhões a US$ 20 milhões. O preço de uma usada depende do tempo de operação do equipamento e a vida útil dos seus componentes, principalmente os motores.

Do total já vendido pela Embraer no mercado, segundo Estevão, a maior parte, 24 aeronaves, é do modelo ERJ-145, que em junho completa 13 anos em operação no mercado, com um total de 890 unidades vendidas e 883 entregues até o momento. Primeiro jato regional projetado pela Embraer e um dos principais responsáveis pela recuperação da companhia no período pós privatização, o ERJ-145 ainda mantém a sua linha de produção ativa, apesar das poucas encomendas.

O modelo perdeu espaço para os jatos de maior porte, na faixa de 70 a 120 assentos, mas a linha de produção não foi desativada porque é a mesma que produz o jato executivo Legacy. O ERJ-145 também é fabricado na China, na unidade Harbin Embraer Aircraft Industry (HEAI), criada em associação com a empresa estatal chinesa Avic. A empresa já produziu e entregou 34 aeronaves no mercado chinês, mas ainda possui sete pedidos firmes do modelo.

"O futuro da fábrica na China ainda é incerto. Se não tivermos mais nenhuma encomenda, não faz sentido manter essa instalação lá. A decisão da Embraer sobre o destino dessa fábrica deve acontecer até o fim deste ano", disse o diretor de Comunicação da Embraer, Carlos Camargo. Por outro lado, a Embraer vem analisando a possibilidade de instalar uma fábrica na Rússia, segundo declaração feita à Reuters pelo diretor do banco russo VEB Bank, Vladimir Dmitriyev.

"Ainda não existe nada de concreto em relação a isso. Temos interesse em produzir o ERJ-145 lá, mas precisamos avaliar se vale a pena e isso a gente ainda não discutiu", comentou Camargo. O mercado do Leste Europeu, segundo o diretor Paulo Estevão, é onde a empresa vem detectando maior demanda pelas aeronaves ERJ-145 usadas. "A companhia aérea Dniproavia, da Ucrânia, recentemente comprou 16 aeronaves ERJ-145 usadas, sendo duas através da Embraer e o restante por meio de uma concorrência pública, promovida pela Alitalia, proprietária das aeronaves", comentou o diretor da Embraer.

O objetivo da Embraer com a venda das usadas, segundo Estevão, é assegurar que o valor residual da aeronave (valor dela no término do contrato de financiamento) permaneça estável e atrativo.
 
"Trabalhamos para manter esse valor atrativo para os clientes, que são as companhias aéreas, os bancos e as companhias de leasing com interesse em investir nesse tipo de ativo".

Além do Leste Europeu, o mercado potencial para a venda de jatos regionais usados inclui a América Latina, Ásia e África. "Este ano já vendemos três aeronaves na África. No Brasil vendemos duas para a Polícia Federal e nove para a Força Aérea Brasileira (FAB)." A Aeronáutica utiliza o ERJ-145 em missões do Correio Aéreo Nacional (CAN) na Amazônia. A Passaredo também comprou duas aeronaves usadas ERJ-145 e é hoje a única companhia aérea brasileira a operar esse modelo no país.

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