LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília
O relator da CPI do Apagão na Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse nesta quinta-feira que incluirá no relatório final da comissão uma recomendação ao governo para que proíba o pouso de aviões sem um dos reversores no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo).
O Airbus A-320 da TAM que fez o vôo 3054, que caiu no dia 17 de julho após tentar pousar em Congonhas estava com um reversor inoperante. No acidente, 199 pessoas morreram.
"Pelas características e pelo tamanho da pista de Congonhas é preciso operar com a maior segurança possível", afirmou o deputado.
Maia classificou como uma "trapalhada" o envio de uma norma inválida à desembargadora desembargadora Cecília Marcondes do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Ele disse ainda que, além de não ter validade, o documento tem orientações dúbias.
"O que nós precisamos a partir de agora é ver de quem é a responsabilidade dessa "trapalhada'. O documento reflete o atual estágio da direção da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil]", afirmou o deputado.
Apesar de defender que o documento foi enviado à juíza como forma de ajudá-la a entender detalhes técnicos, a diretora da Anac, Denise Abreu, disse à CPI que a agência abriu sindicância para apurar o que realmente aconteceu.
Para a deputada Luciana genro (PSOL-RS), a diretoria da Anac deve ser responsabilizada pelo estudo não ter sido transformado em norma. A deputada disse estar convencida de que o documento proíbe a operação sem um dos reversos em Congonhas, apesar de a diretora afirmar o contrário.
"Me parece claro que, se aquele estudo tivesse validade, a Anac deveria exigir das empresas restrições para pouso em pista molhada. Talvez aquele avião [Airbus] não tivesse pousado nessas condições e a tragédia não tivesse acontecido", disse a deputada.