Só no ano passado houve 926 colisões entre pássaros e aviões
Marcelo Fernandes - Jornal do Brasil
A Infraero, órgão que administra 67 aeroportos em todo o Brasil teve uma ideia inusitada para afugentar os pássaros que atrapalham os voos que decolam do Aeroporto Internacional Tom Jobim. Uma falcão-robô, construído por uma empresa italiana, está sendo usado para afugentar as aves que põem em risco as aeronaves.
O aparelho, um aeromodelo que ainda está em período de testes após ser camuflado com uma aparência semelhante à ave de rapina, com penas e um tecido especial, será controlado por funcionários do aeroporto por um controle remoto. O aparato já teria conseguido diminuir a presença de aves na pista.
De acordo com o órgão federal, ele já é utilizado com sucesso em aeroportos do mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos, em Israel e no Peru. Os testes começaram no último dia 5 e devem durar 15 dias. Os valores gastos na empreitada não foram divulgados. A Infraero explica que, por ser uma tecnologia cuja eficiência está sendo testada, não é possível estabelecer custos.
Para o coordenador de Salvamento e Combate a Incêndios do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, Luis Eneas, o objetivo dos os testes é avaliar se o robô consegue direcionar as outras aves para longe da área do Galeão.
– A presença do falcão, que é um animal predador, indicaria para os outros pássaros que aquela é uma área perigosa, por isso eles tendem a manter distância – explica Eneas.
O acompanhamento dos testes é feito por um ornitólogo (especialista em aves), que avalia eventuais danos aos urubus e quero-queros que habitam o local.
Colisões
A colisão de pássaros com aeronaves pode causar desde pequenos danos à fuselagem até a quebra de equipamentos essenciais, como turbinas.
Os acidentes entre aviões e pássaros aumentaram 40,5% nos últimos dois anos. Em 2008, foram 659 colisões envolvendo aves, conforme relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), enquanto no ano passado, foram registradas 926. Em janeiro e fevereiro de 2010, foram quatro ocorrências relacionadas com pássaros.
De acordo com o empresário Vincenzo Giorgi, um dos sócios da empresa White Flight, responsável pela criativa engenhoca, a camuflagem do aeromodelo como predador contribui para afugentar as outras aves da região, e com os rasantes, mostrar a elas "quem manda no pedaço".
– Ele pode atingir 50 km/h, e subir a até 300 m de altura. Temos absoluta confiança na nossa tecnologia, e tínhamos certeza que poderíamos resolver o problema da quantidade de pássaros nos arredores da Ilha do Governador – garante o empresário, um italiano que reside há 30 anos no país.
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